A representação da crucificação de Jesus Cristo nesta Sexta-feira da Paixão (29/3), teve início às 16h30. Muitos espectadores chegaram ao local em cima da hora, o que causou um pouco de tumulto. Até as 16h, os bombeiros fizeram quatro atendimentos a pessoas que passaram mal. A 40; edição da Paixão de Cristo no Morro da Capelinha conta com elenco de 1,1 mil atores e 300 técnicos e apresenta uma das mais conhecidas interpretações da morte e ressurreição de Cristo do país.
No percurso de quase um quilômetro, os intérpretes, que dedicam horas de suor e esforço para esse grande dia, encenam os últimos momentos vividos por Jesus. Aproximadamente 150 mil pessoas eram esperadas para o evento. Em 2012, o público foi o maior da história da Via-Sacra de Planaltina: 170 mil.
A encenação no Morro da Capelinha começa com os julgamentos de Jesus - primeiro por Anás e Caifás e depois, no palácio de Pôncio Pilatos. Ali, os atores ensaiam a condenação de Jesus. Em seguida, todos sobem o morro e apresentam a Via-Crúcis por 15 estações.
Saiba mais sobre a encenação, no infográfico interativo
[VIDEO1]
Uma equipe de trinta coordenadores ajuda a preparar a celebração. A coordenação do grupo estima que a média de gastos com evento gira em torno de 1,5 milhão.
O Jesus de 40 anos
O ator Saulo Humberto, 38 anos, interpreta Jesus Cristo há 12 anos. Ele diz que representar o filho de Deus é uma benção: "Há sempre uma expectativa diferente e o frio na barriga. A nossa missão é levar Jesus por meio da arte. Quanto mais pessoas, maior a nossa responsabilidade de tocar o coração do público e evangelizar;, afirma. Saulo foi acusado, em 2011, de desviar merenda escolar para doações ilegais. Afastado do cargo de diretor do Centro de Ensino Fundamental 4, ele continua interpretando a figura central na encenação da maior via-crúcis do Distrito Federal.
Para que a encenação se aproxime mais da realidade, a produção do evento promete atmosfera realista por meio do figurino, dos cenários e da iluminação. Além disso, durante a ressurreição de Jesus, fogos de artifícios completam o espetáculo.
História viva
O primeiro ator profissional a entrar no grupo foi Preto Rezende, de 54 anos, que desde 1985 faz parte do elenco da Via-Sacra. Formado na primeira turma da Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, Preto teve o privilégio de ter aulas com a própria Dulcina e ingressou na encenação para dirigir o elenco e contribuir na parte técnica e artística. Ele também foi um dos idealizadores da ;Via-Sacra da Criança;, que surgiu em 1994 com a missão de fazer com que os pequenos atores sejam, no futuro, as pessoas que levarão a tradição desse espetáculo.
(Com informações de Amanda Maia e Rodrigo Antonelli)