;Moro aqui porque não consigo andar;, conta Maria Francisca de Oliveira Silva, 73 anos. A vida sempre foi dura para mineira de Coromandel, que jamais recusou trabalho. Enquanto teve forças, a mãe solteira trabalhou como empregada doméstica e quituteira, experiências que lhe renderam fama de moça prendada em Minas Gerais. Há seis anos, porém, sofreu um acidente vascular cerebral que lhe tomou a capacidade fazer os movimentos mais simples. A ajuda para se tratar ela encontrou na Casa do Idoso Amor à Vida (Ciav), que abriga atualmente 25 velhinhos em situação de vulnerabilidade, entre eles, alguns rejeitados por outras instituições devido à severidade de doenças neurodegenerativas, como o mal de Alzheimer.
Maria chegou a casa há quatro anos, quando o único filho, hoje com 47 anos, percebeu que não tinha condições de cuidar sozinho da mãe. ;A maioria dessas pessoas tem histórias como a dela. As famílias desejam estar com os pais e os avós, mas não têm condições financeiras, físicas e psicológicas para dar atenção em tempo integral;, justifica o fundador da instituição, Celismar Rorigues Nery. Ele decidiu construir a casa depois ver de perto as condições em que viviam os idosos de outras entidades em que trabalhou. ;Aqui não é depósito de gente. É o lar deles. Temos dois velhinhos aqui que não têm família e foram enviados pelo governo. Nossa fila de espera tem cerca de 80 pessoas.;