A Polícia Civil investiga a morte de uma jovem de 17 anos no Hospital Regional de Planaltina (HRP). A falta de médicos no Hospital pode ter contribuído para a morte da estudante Laide Coelho França, na última quarta-feira (9/1). Os pais da jovem alegam que o HRP foi negligente e imprudente.
Laide, que sofre desde os três anos de anemia falciformede, deu entrada no hospital na noite de domingo (6/1). Durante os quatro dias em que ficou internada, a jovem foi atendida três vezes pelos médicos. Na primeira vez, recebeu os cuidados iniciais da internação. Na segunda, foi medicada e, na terceira, foi constatado o óbito da moça.
[SAIBAMAIS]Na terça-feira (8/1), Laide recebeu a medicação do antibiótico Benzetacil. Segundo familiares, a jovem começou a delirar e sentiu falta de ar logo após ser medicada. "Minha mulher ficou a manhã inteira procurando um médico e não apareceu ninguém", disse o pai da estudante, Leonor França, 48 anos. E completou, "para mim, ela passou mal com o medicamento e não teve socorro, ela precisava de oxigênio e UTI, mas também não deram".
Uma enfermeira do HRP informou aos pais da garota que não havia médico no hospital. De acordo com Leonor, na manhã da quarta-feira (9/1), uma enfermeira chegou a aferir a pressão de Laide e disse que estava normal, e que o delírio que a estudante passava era apenas uma reação ao medicamento.
Por volta das 13h de quarta, Laide teve uma parada cardíaca e morreu. Somente nessa hora apareceu um médico e constatou o óbito.
O delegado Edson Medina, da 16; Delegacia de Polícia (Planaltina) investiga o caso. Medina aguarda o laudo da necropsia para dizer a causa da morte e ainda vai analisar o prontuário, para ver o histórico do paciente. Se ficar comprovado a negligência e imprudência do médico responsável pela paciente, ele pode responder por homicídio culposo (quando não há intenção de matar), e poderá ficar preso por até três anos.
Laide, que sonhava ser psicóloga, segundo a família, foi enterrada nesta quinta-feira (10/1), no Cemitério de Planaltina.
Hospital do Gama
Denúncias feitas ao Correio na manhã desta sexta-feira (11/1) também revelam a falta de atendimento no Hospital Regional do Gama (HRG). Pacientes passam mal esperando atendimento que não chega.
Rosa Maria da Silva, 45 anos, informou que muitos pacientes foram até o HRG, pois não encontraram atendimento no Hospital de Santa Maria. ;Está lotado e não tem clínico. Tem pessoas vomitando nos corredores;, informou Rosa, que espera atendimento para a filha desde às 6h.
Outra mulher está na fila com o pai de 80 anos, desde às 8h. Ele sofre de pressão alta. ;Está lotado, não tem previsão de atendimento;, informou a mulher.
Outro lado
Sobre o caso da jovem que morreu no Hospital Regional de Planaltina, o secretário-adjunto da Secretária de Saúde do Distrito Federal, Elias Fernando Miziara, informou ao Correio que "cabe a polícia investigar o caso, já que entenderam que a jovem morreu por complicação do medicamento".
Já sobre a demora no atendimento do hospital do Gama, Miziara completou dizendo que a "secretaria não recebeu nenhuma denúncia sobre a falta de médicos no hospital".
Em nota, a Secretaria de Saúde informou que a escala do pronto-socorro está completa e que o atendimento está ocorrendo normalmente, com média de espera de três horas. Os pacientes com classificação verde (sem urgência) estão sendo orientados a procurar os centros de saúde da regional.
Com informações de Mara Puljiz
Confira a reportagem da TV Brasília
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