Jornal Correio Braziliense

Cidades

Para aumentar oferta, GDF planeja usar Lago Paranoá para abastecer regiões

A parte mais extensa do Relatório da Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil, escrito pelo belga Luis Cruls, em 1894, detalha minuciosamente o que havia de água no lugar onde a Constituição da República de 1891 determinava que fosse construída a nova capital do país. Dias de medição do nível dos rios e observação das estações levaram o explorador à conclusão de que, em qualquer lugar do Planalto, escolhido para levantar a cidade ;encontrar-se-á, sem grandes dificuldades, água suficiente para abastecê-la a razão de 1.000 litros diários por habitante;.

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Exatos 110 anos depois, não dá para dizer que os missionários estavam errados. Mais de mil litros de água por habitante é o que chega a gastar um morador do Lago Sul, bairro nobre de Brasília. Em compensação, nas zonas rurais, como as de Planaltina e do Gama, não há rio, riacho ou ribeirão suficiente para atender a todos, especialmente entre julho e outubro, quando a seca estreita as correntes hídricas a ponto de levá-las à extinção até que a chuva as recomponham. É um convite ao desentendimento entre seus dependentes.

Nem sempre a história foi assim. Como tantos outros aspectos da vida em Brasília, no início, era pouca gente para muita água. O primeiro sistema de abastecimento, o Catetinho, foi criado no fim da década de 1950 para atender os canteiros de obra e os alojamentos. O segundo, o Torto, explorava o ribeirão que lhe emprestou o nome. A previsão de transferência dos servidores federais e de migração para a nova capital levou à criação da barragem de Santa Maria, surgindo, então, o sistema Torto-Santa Maria. Para proteger os córregos formadores da principal fonte de abastecimento, o governo federal baixou, em 1961, um decreto que instituiu o Parque Nacional de Brasília. Hoje, o sistema Santa Maria responde por 25% da água do DF.