A história de uma família cuja trama de vida se misturava ao lixão e que virou sucesso absoluto em uma novela de televisão é a realidade de uma cidade do DF. Nascida em cima do chorume de montanhas das sobras da capital federal, a invasão da Estrutural se consolidou como região administrativa com 32,1 mil habitantes prestes a ganharem do governo a certidão de nascimento das moradias. As escrituras de registro das casas serão entregues antes da solução definitiva para danos ambientais, da consolidação do projeto de urbanismo e da instalação dos equipamentos considerados essenciais pelo poder público.
O lixo atraiu em 1997 um grupo de 520 catadores que moravam onde hoje funciona o complexo da Cidade do Automóvel, na mesma localidade, a poucos minutos da Estrutural. Sob a pressão dos interesses econômicos, as famílias foram transferidas para a vizinhança do lixão. Ali, ergueram barracos sob o olhar complacente da fiscalização oficial. Uma vez lá, não saíram mais, insufladas por líderes que agiam em nome de políticos e de especuladores imobiliários interessados em ocupar, forçar a permanência e lucrar com a valorização que vem da consolidação da área.