Em 2012, a CPI da Grilagem, uma explosiva investigação na Câmara Legislativa que chamou a atenção do país para um problema instalado em Brasília, completou 17 anos. Quase duas décadas se passaram e levantamento ao qual o Correio teve acesso demonstra que o crime permanece. Todos os dias, há alguém querendo se valer de uma terra que não é sua na capital da República. Estimulados pela cultura de ocupar para depois legalizar, grileiros atuam de forma constante no Distrito Federal. Até outubro deste ano, a cada 24 horas, pelo menos 16 construções ilegais foram erguidas em local alheio, muitas vezes terrenos públicos, pertencentes à coletividade.
Os dados são alarmantes. Nos primeiros 10 meses de 2012, houve pelo menos 4.914 tentativas de invasão e início de construção de casas ou de comércio. Ao todo, oito loteamentos irregulares foram contidos e 19 pessoas presas entre julho e outubro deste ano. Ocupações em área equivalente a 96 campos de futebol, com 1,3 mil lotes, foram impedidas de prosperar. A maior parte dos parcelamentos ilegais estavam em terras pública, sendo que 15% deles já haviam sido vendidos. A estimativa do governo é de que a comercialização dos terrenos movimentaria R$ 66 milhões.