Às 15h de segunda-feira, no centro de Ceilândia, cerca de 50 pessoas, entre homens e mulheres, negociam produtos sem nota fiscal e provavelmente roubados e furtados. Eles chegam logo no início da manhã, quando os trabalhadores formais ocupam o comércio local, e só vão embora no início da noite. A oferta de celulares, o principal aparelho comercializado na região, ocorre a menos de 100 metros de um posto da Polícia Militar. ;Quem vem aqui procurando um telefone sabe que a procedência é duvidosa;, admitiu um dos ambulantes ao Correio. O comércio clandestino também ocorre em pelo menos nove pontos da capital, como a Rodoviária do Plano Piloto e Taguatinga Centro.
Em Ceilândia, é possível encontrar um smartphone que faz imagens em 3D, vendido a R$ 1,5 mil nas lojas, pela metade do preço. Os equipamentos ficam escondidos e são oferecidos aos clientes sem carregador de bateria ou garantia. Muitos têm arranhões. E os vendedores justificam que são usados. ;Faço trocas. As pessoas trazem os telefones e não perguntamos se é roubado ou não;, diz um dos ambulantes do local. Outro oferece um smartphone de R$ 1,1 mil por R$ 100. ;Você precisa levar agora, não posso guardar. Vim aqui desovar esse telefone rápido para pegar o meu ônibus;, informa. O homem tira o celular do bolso, sem embalagem, e mostra rapidamente. ;É pegar ou largar;, avisa.