Os pais de Pedrinho não escondem a satisfação por vê-lo já um homem de 26 anos, advogado de um escritório de renome, casado, prestes a ser pai, conforme revelou ontem o Correio. Acreditam ter acertado na educação do garoto, mesmo tendo começado a conviver quando ele já tinha quase 17 anos. No entanto, uma década após tê-lo reencontrado, em Goiânia, sofrem ao reviver o período de busca pelo paradeiro do filho roubado horas após nascer, no Hospital Santa Lúcia, em Brasília, em 21 de janeiro de 1986. Tanto que, há quatro anos, não dão mais palestras sobre o caso, como costumavam fazer regularmente em igrejas e escolas, com o intuito de dar lições de fé, esperança e superação.
[SAIBAMAIS]Jayro Tapajós, 60 anos, e Maria Auxiliadora Rosalino Braule Pinto, 59, os pais de Pedrinho, também não escondem a decepção com a falta de programas governamentais para investigação de casos de crianças desaparecidas e apoio aos pais de vítimas desse tipo de crime. %u201CEnquanto sequestros de criança forem tratados como apêndices nas delegacias, nada vai mudar%u201D, afirma o fiscal aposentado da Receita Federal. %u201CParticipávamos como voluntários do S.O.S. Criança, um programa sério, que dava toda a assistência às famílias de crianças desaparecidas. Mas ele acabou há uns três anos e não criaram outro%u201D, lamenta Maria Auxiliadora, mais conhecida como Lia.
O casal conta que o sequestro do filho Pedro Rosalino Braule Pinto, que acrescentou o Júnior como segundo nome após ser descoberto pela polícia, abalou a relação. %u201CQuando acontece algo desse tipo, a tendência é a família desagregar. No nosso caso, isso quase ocorreu. Mas eu e a Lia viramos um para o outro e dissemos: %u2018Se não tiver família, um lar, o que fará com que esse menino volte para a gente?%u2019. Aí, decidimos enfrentar tudo cada vez mais unidos%u201D, ressalta Jayro. E foram muitos os momentos difíceis para os dois, mesmo após a descoberta do paradeiro do filho.