Jornal Correio Braziliense

Cidades

Doenças negligenciadas por grandes laboratórios sobrecarregam hospitais

Barracos de madeirite, com esgoto a céu aberto e sem água potável. Famílias amontoadas em pequenos cômodos, com ambientes insalubres. O surgimento de favelas no Distrito Federal e as péssimas condições de vida da população de baixa renda têm reflexo nas estatísticas da saúde. Apesar de contar com a maior renda per capita do país, de R$ 61.584, segundo dados da Codeplan, a capital federal observa o aumento da pobreza e da desigualdade e, com esse fenômeno, crescem na região os registros das doenças negligenciadas. Males como a leishmaniose, a tuberculose e a hanseníase, frequentemente relacionados a cidades pobres, desafiam as autoridades públicas de saúde.

As negligenciadas receberam esse nome porque têm pouquíssima atenção, especialmente por parte dos grandes laboratórios farmacêuticos. Como atingem de forma preponderante a população mais carente, esses males não são pesquisados, e a indústria não se interessa pelo desenvolvimento de novos remédios, mais eficazes. Assim, as opções de tratamento são extremamente restritas. O medicamento para o combate à leishmaniose, por exemplo, é o mesmo há mais de um século. A droga se revela extremamente forte e tóxica, mas há poucas opções para os pacientes contaminados.