Jornal Correio Braziliense

Cidades

Central de Atendimento à Mulher do DF lidera denúncias de agressões no país

A Central de Atendimento à Mulher no Distrito Federal (DF), com serviços prestados pelo Ligue 180, recebeu 303,14 ligações a cada grupo de 100 mil mulheres entre janeiro e março deste ano. A taxa indica que o DF lidera o ranking nacional de chamadas. Em seguida aparecem os estados do Espírito Santo (275,15 a cada 100 mil mulheres), Pará (270,54), de Mato Grosso do Sul (264,74) e da Bahia (264,03).

Para Valesca Leão, secretária em exercício da Secretaria da Mulher do Distrito Federal, o aumento no número de atendimentos registrados mostra que as mulheres estão quebrando paradigmas e criando coragem para denunciar seus agressores. ;As campanhas de conscientização têm feito com que elas enfrentem o medo. Dessa maneira, percebemos que não é a violência que está aumentando, mas que está havendo uma mudança de cultura na qual as mulheres criaram coragem para denunciar, sobretudo dando prosseguimento ao indiciamento dos acusados;, disse.

Dados da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher no DF apontam que, em 2011, foram registradas 15.152 ocorrências de violência contra mulher. Para enfrentar o problema, uma das ações da secretaria é prestar atendimento jurídico e psicológico às vítimas. ;Orientamos sobre origem da violência contra a mulher, emancipação, autonomia e o empoderamento das mulheres. Pois, muitas vezes, a vítima ainda convive com o agressor. Podem ser os pais dos seus filhos, provedores da casa. E se o Estado não enfrenta o problema, a ameaça se concretiza em crime;, declarou.

De acordo com Instituto Sangari, o local de residência da mulher prepondera nas situações de violência. O Mapa de Violência destaca que é no âmbito doméstico onde é gerada a maior parte das situações de violência contra mulheres, 68,8% dos incidentes ocorrem na residência da vítima. O instituto verificou que em 42,5% do casos o agressor é o parceiro, ou ex-parceiro, da mulher.



A Secretaria da Mulher também tem uma central de atendimento para casos de violência doméstica, o Ligue 156, opção 6. Outra atividade é a realização do Mutirão de Informação, Formação e Cidadania, que teve sua necessidade identificada após pesquisa encomendada pela secretaria. A pesquisa revelou que a maioria das mulheres, embora tenha ouvido falar da Lei Maria da Penha, na prática, desconhece os seus direitos. De janeiro a junho deste ano, já foram realizados mutirões em nove cidades e estão previstos mais 16 até o fim do ano.

Dados do Instituto Sangari apontam que o DF tem uma taxa de 5,8 homicídios a cada 100 mil mulheres. No ranking que é liderado pelo Espírito Santo, com 9,4 homicídios em cada 100 mil mulheres, o Distrito Federal ocupa a sétima posição.