Jornal Correio Braziliense

Cidades

Pesquisa da UnB comprova danos auditivos causados por exposição a ruídos

Assim que entra no carro dos pais para ir à escola, no início da manhã, a estudante Luíza Espírito Santo, 14 anos, de imediato escolhe as músicas do celular e acopla o fone de ouvido ao aparelho para escutar em último volume canções de seus artistas preferidos, como as da cantora britânica Adele. A densidade do som é tão exagerada que o barulho é capaz de vazar dos ouvidos da adolescente e alcançar os dos outros ocupantes do veículo.

Ao mesmo tempo em que acompanha a voz da cantora a uma altura que pode chegar a 120 decibéis (dB) ; nível de ruído equivalente ao de uma turbina de avião ;, a adolescente não se atém aos perigos que esse ritual pode causar ao próprio sistema auditivo. Futuramente, se a jovem continuar seguindo à risca a mania, poderá ter lesões irreversíveis na audição, chegando até mesmo à surdez. Um diagnóstico que, para a estudante, pouco importa. ;Não tenho medo de ter problemas quando estiver mais velha;, assume.

Luíza não é exceção ao fazer uso frequente de fones de ouvido sem se dar conta dos malefícios desse hábito. Estudantes de uma escola particular de Brasília, entre 14 anos e 18 anos, foram alvos de um estudo elaborado pela fonoaudióloga Valéria Gomes da Silva. Defendida no mês passado na Universidade de Brasília (UnB), sua dissertação de mestrado aponta que, dos 134 meninos e meninas entrevistados, 80% apresentaram alterações nos exames de emissão otoacústica, em virtude da exposição prolongada a ruídos sonoros como música.