Uma residência em Taguatinga Norte, na QNA 6, tornou-se ponto de referência para mães e pais que não queriam ou não podiam criar os próprios filhos e desejavam deixá-los em segurança. Aos poucos, o lugar ficou pequeno para a quantidade de meninos e meninas obrigados a começar uma vida nova longe da família biológica. A dona da casa era Maria da Glória Nascimento de Lima, que hoje com 67 anos, recebia (e ainda recebe, em novo endereço) crianças de todas as idades. Hoje, ela é mãe de 36 filhos de criação e de outros três biológicos. Sem contar as centenas de pessoas de quem cuidou, mas não registrou como mãe. Ela mantém o Lar da Criança Padre Cícero, atualmente na QNG, em Taguatinga, há quase 40 anos.
Maria da Glória é mãe por vocação. Hoje, na data dedicada a essas mulheres, o Correio conta a história de Glorinha, como ela é conhecida, e de outras mães que não geraram seus filhos, mas oferecem a eles amor e proteção diariamente. Para elas, a maternidade não é uma obrigação ou um sonho, mas algo inerente à personalidade. Dedicar a própria vida à existência de outro alguém é o que move essas mulheres e dá força para enfrentar problemas financeiros e outros desafios.
Imagine uma casa com 17 bebês e outras 27 crianças de várias idades. Além de uma creche no mesmo terreno com outros 300 atendidos. Há choro por todos os lados, uma infinidade de roupas para lavar e bocas para alimentar. Nada disso assusta Maria da Glória. Pelo contrário, ela sorri enquanto caminha entre os meninos e meninas a quem aprendeu a amar incondicionalmente. ;Sempre que um deles vai embora, a gente chora;, disse. Essas crianças (exceto as da creche) são encaminhadas para o lar pela Vara da Infância. São retiradas de seus pais biológicos devido à falta de condições para criá-los. Muitos chegam ali machucados e traumatizados. Nos braços de Glorinha, voltam a sorrir inocentes.