Aos 27 anos, Lucimar Ferreira ganha a vida como caseiro e piscineiro no Lago Sul. Não conhece a fundo as leis de trânsito, muito menos as teorias acadêmicas sobre a necessidade de implantação de sistemas cicloviários nas cidades. Mas a experiência diária de pedalar entre os carros e na ciclovia lhe dá autoridade para avaliar o que é mais seguro e as falhas existentes nas poucas faixas exclusivas construídas pelo governo. Morador de São Sebastião, o caseiro fez algumas descobertas: a bike é mais rápida que o ônibus. Pedalar na via exclusiva para bicicleta é mais seguro que entre os veículos. O problema é que, no trajeto feito de casa até o trabalho, elas são interrompidas nos cruzamentos e os carros não cedem a vez. ;A transição da ciclofaixa para a ciclovia faz com que eu tenha de atravessar no meio dos carros. Passo pelo balão e ninguém respeita, não, os ônibus quase passam por cima da gente.;
Os problemas apontados pelo caseiro são os mesmos citados por doutores em assuntos de trânsito, mas, surpreendentemente, passaram despercebidos, ao longo de décadas, por funcionários do governo responsáveis por elaborar e executar os projetos. Agora, o GDF tem uma nova chance de ser exemplo para o resto do país. Até 2014, o Executivo local pretende alcançar a marca de 600km de malha cicloviária. As obras já começaram e vão atender moradores do Plano Piloto, de Ceilândia, do Paranoá, do Guará e do Gama. É o Projeto de Mobilidade Urbana por Bicicleta, que prevê, além das faixas destinadas a quem pedala, a estrutura necessária para incentivar o uso desse meio como transporte: bicicletários, integração com o metrô e com os coletivos, incentivo para a iniciativa privada construir vestiários.