Uma briga familiar ameaça um dos maiores acervos particulares de Juscelino Kubitschek. Herdeiros disputam na Justiça o direito de ficar com os bens da fazenda onde o ex-presidente viveu os últimos quatro anos de vida, na área rural de Luziânia (GO), a 70km de Brasília. O bem mais valioso da propriedade rural é a mansão que abrigou JK. Único projeto de Oscar Niemeyer na zona rural, a residência conserva móveis e itens de uso pessoal do fundador da nova capital. Relíquias inacessíveis ao público até abril de 2009, quando o espaço teve as portas abertas aos turistas. Mas, devido à ação judicial, a casa voltou a ser fechada há dois meses. E assim deverá ficar para sempre, pois seus itens podem ser vendidos separadamente.
Juscelino comprou o terreno, do tamanho de 1,6 mil campos de futebol, em 1972, após ter o mandato cassado pela ditadura militar e ser proibido de entrar em Brasília. Queria um lugar onde pudesse passar os dias, reunir os amigos e, de lá, ao entardecer, ver as luzes da capital que ergueu no Planalto Central. Com a morte do ex-presidente, em 1976, o espaço foi herdado pela família dele, que, oito anos mais tarde, o vendeu a Lázaro Servo, deputado estadual pelo Paraná e amigo de Juscelino. Na negociação, Sarah Kubitschek, mulher de JK, pediu para o novo dono manter a casa e, principalmente, os móveis e objetos pessoais do marido como originais, preservando parte da história do país.