Morar perto de delegacias e batalhões não é garantia de tranquilidade para muitos brasilienses. Ao redor de várias unidades de segurança, usuários e traficantes de droga desafiam as autoridades e impõem o medo à população. A ousadia de quem vende substâncias ilícitas é tanta que nem a passagem constante de agentes é capaz de intimidá-los. Já os viciados acendem cachimbos de crack nas barbas do Estado, sem a menor preocupação. Ao contrário de outras épocas, não há correria ou desespero com a aproximação de homens fardados e armados. Para fugir do flagrante, alguns usam até os muros dos prédios públicos para esconder entorpecentes.
Na maior e mais populosa cidade do Distrito Federal, Ceilândia, a feira de drogas começa suas atividades de forma mais intensa ao cair da noite. A menos de 50 metros da 15; Delegacia de Polícia (Ceilândia Centro) homens, mulheres e até crianças têm acesso fácil a crack, cocaína e maconha. Na madrugada da última sexta-feira, o movimento de carros, inclusive de luxo, era intenso. Motoristas se dirigiam ao traficante, pagavam em dinheiro, recebiam as porções e iam embora rapidamente. Nos cerca de 40 minutos em que a reportagem do Correio esteve no local, dois carros da Polícia Civil e um da Polícia Militar passaram ao lado do criminoso, mas ele não foi sequer abordado. Enquanto o negócio clandestino funcionava a todo vapor, do outro lado da rua era possível ver policiais no balcão de atendimento registrando ocorrências de rotina.