O Bumba-meu-Boi de seu Teodoro é uma das atrações da comemoração do aniversário de 52 anos de Brasília. Serão duas apresentações: a primeira, no dia 20 de abril, às 18h30, na Rodoviária do Plano Piloto e a segunda, às 16h do dia 21 de abril, na 1; Bienal Brasil do Livro e da Leitura.
Uma das manifestações culturais nordestinas que melhor se adaptou ao Distrito Federal foi, sem dúvida, o Bumba-meu-Boi. Isso, graças ao esforço do Mestre Teodoro, um maranhense que deixou sua terra natal, mas trouxe com ele o folclore e a arte popular típicos da sua região.
A paixão de Teodoro Freire pelo Bumba-meu-boi começou ainda na infância. O maranhense, nascido na cidade interiorana de São Vicente de Férrer, teve o primeiro contato com a tradição do folclore nordestino aos oito anos. Embora sua mãe o proibisse de assistir às apresentações por medo de brigas nas ruas, ele não resistia e saía de casa às escondidas. O encanto pela tradição o acompanhou até a sua morte, aos 91 anos, em janeiro deste ano.
Seu Teodoro costumava dizer que, além da família, tinha três paixões na vida: o Bumba-meu-boi, na cultura; o Flamengo, no esporte; e a Mangueira, no carnaval. Na capital do país, Seu Teodoro chegou em 1962, quando começou a trabalhar como contínuo na Universidade de Brasília. Em dezembro do mesmo ano, deu início ao projeto do Bumba-meu-boi na cidade. Em 1963, criou o Centro de Tradições Populares, em Sobradinho, a 20 km de Brasília, para difundir festas e danças do folclore nordestino. Mas o que tornou seu Teodoro conhecido foi mesmo o Bumba-meu-boi, uma espécie de auto que encena o rapto, a morte e a ressurreição do boi.
A festa do Bumba-meu-boi é uma tradição que se mantém desde o século XVIII. Numa fazenda de gado, Pai Francisco mata um boi de estimação de seu senhor para satisfazer o desejo de sua esposa grávida, Mãe Catirina, que quer comer língua. Quando descobre o sumiço do animal, o senhor fica furioso e, após investigar entre seus escravos e índios, descobre o autor do crime e obriga Pai Francisco a trazer o boi de volta. Pajés e curandeiros são convocados para salvar o escravo e, quando o boi ressuscita urrando, todos participam de uma enorme festa para comemorar o milagre.
Brincadeira democrática que incorpora quem passa pelo caminho, o Bumba-meu-boi já foi alvo de perseguições da polícia e das elites por ser uma festa mantida pela população negra da cidade, chegando a ser proibida entre 1861 e 1868. O atual modelo de apresentação dos bois não narra mais toda a história do ;auto;, que deu lugar à chamada ;meia-lua;, de enredos simplificados. Sotaque da Baixada - embalado por matracas e pandeiros pequenos, um dos destaques deste sotaque é o personagem Cazumbá, uma mistura de homem e bicho que, vestido com uma bata comprida, máscara de madeira e de chocalho na mão, diverte os brincantes e o público. Outros usam um chapéu de vaqueiro com penas de ema.