Com uma frota superior a 1,3 milhão de veículos, o Distrito Federal sofre com a crescente intolerância no trânsito. Cada vez mais frequentes, os desentendimentos entre os condutores da capital chegam a níveis extremos e, muitas vezes, terminam em agressão física e até em morte. Na manhã da última quarta-feira, no estacionamento de um agência bancária, a 200 metros da 15; Delegacia de Polícia (Ceilândia Centro), uma discussão terminou em tiros e prisão.
Na saída do banco, o Monza de Silvânio Mendonça Junior, 24 anos, atingiu o carro de uma jovem de 23 anos, que preferiu não se identificar. Quando ela tentou cobrar o prejuízo, ele ofereceu R$ 50. Houve perseguição, até que o motorista efetuou três disparos em direção à vítima. Um deles atingiu o pneu do carro dela (leia story board). Silvânio acabou preso por policiais militares. Na delegacia, descobriu-se que ele tem passagens por tráfico e homicídio.
A tese de doutorado da psicóloga Cláudia Aline Soares Monteiro, realizada com 923 motoristas de Brasília, identificou que 84% dos entrevistados admitiram sentir raiva ao assumir o volante de um veículo. O trabalho da especialista também concluiu que o tempo de experiência não evita os transtornos. ;Pessoas que tinham mais tempo de habilitação e dirigiam com maior frequência cometiam mais erros e eram mais agressivas;, revela Cláudia, cujo estudo contou com a orientação do professor e coordenador do Laboratório de Psicologia Ambiental da Universidade de Brasília (UnB), Hartmut Gunther.