Jornal Correio Braziliense

Cidades

Embaixada do Irã atribui mal-entendido a suposto caso de abuso sexual

A Embaixada do Irã reagiu às denúncias de abuso sexual, atribuídas a um diplomata, de 51 anos, do país. Em nota divulgada nessa quarta-feira (18/4) à noite, a representação diplomática informou que houve um ;mal-entendido; na interpretação dos fatos devido às ;diferenças culturais; entre iranianos e brasileiros. Também condenou a imprensa nacional por considerá-la tendenciosa e discriminatória no que se refere ao Irã.

;Essa missão diplomática declara que a acusação levantada contra o diplomata iraniano é exclusivamente um mal-entendido decorrente das diferenças nos comportamentos culturais [entre iranianos e brasileiros];, diz a nota. Desde que as acusações foram feitas, no último dia 14, esta foi a primeira manifestação da representação diplomática.

;Nesse sentido também expressamos energicamente o nosso protesto e indignação relativo ao tratamento e à maneira como a mídia, geralmente tendenciosa, trata as coisas relativas a alguns países, entre eles o Irã;, diz ainda o comunicado. ;[A reação da midia brasileira] demonstra nitidamente um comportamento intencional, propositado e imparcial;, acrescenta.

Nessa quarta-feira (18/4), o Ministério das Relações Exteriores recebeu informações da Polícia Civil do Distrito Federal sobre as acusações envolvendo o diplomata iraniano e decidiu notificar oficialmente a Embaixada do Irã no Brasil. Mas, antes, serão conduzidas investigações em relação ao caso. O iraniano dispõe de imunidade diplomática e não pode ser investigado nem incriminado como os cidadãos comuns.

Parentes das crianças estiveram no Itamaraty para pedir ao governo federal providências em relação ao caso. O diplomata iraniano é acusado de ter assediado sexualmente crianças e adolescentes de 9 a 14 anos na piscina de um clube da capital federal, localizado em área nobre da cidade.

Segundo relato das famílias e dos salva-vidas do clube, o homem acariciou as partes íntimas das crianças quando mergulhava na piscina, no sábado passado (14/4). Pais e mães das crianças e adolescentes fizeram um boletim de ocorrência na 1; Delegacia de Polícia Civil. O diplomata foi ouvido e liberado em seguida.

De acordo com a Convenção de Viena, um diplomata não pode ser processado ou preso no Brasil. Nesses casos, pode sofrer punições somente se o país de origem retirar a imunidade diplomática ou for declarado persona non grata pelo governo brasileiro, sendo expulso do território e impedido de ingressar. No entanto, o diplomata não está isento de ser alvo de processo em sua terra natal.

No Irã, crimes sexuais são julgados de acordo com a Sharia ; códido de conduta e moral regido pelo Alcorão, livro sagrado do islamismo. Desde a revolução islâmica em 1979, o país é uma república orientada pelos preceitos da religião.