Em uma luta contra o tempo, os médicos do Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (IC-DF) fizeram ontem o oitavo transplante de coração deste ano, o quarto com um órgão vindo de outro estado. Moradora de Aparecida de Goiânia, a 216km de Brasília, a receptora de 13 anos, cujo nome não foi revelado, tinha um problema que comprometia a circulação sanguínea. Com menos de um mês na fila de espera, ela recebeu vida nova de um doador compatível que morreu em Taboão da Serra (SP).
As dificuldades começaram quando a menina tinha apenas 4 anos e os pais descobriram que ela sofria de miocardiopatia restritiva. A doença provocou o aumento do volume abdominal e acarretou problemas no fígado da garota. A piora ocorreu de maneira gradativa. Nos últimos meses, ela teve de abandonar a escola. Em vez de brincar, passava a maior parte do tempo em repouso. De acordo com a equipe médica do IC-DF que a acompanhou, o risco de morte aumentava a cada dia.
O coração que fez a paciente voltar a sorrir veio de um menino que teve a vida interrompida de maneira trágica. O doador, um garoto de 14 anos, levou um tiro na cabeça em Taboão da Serra, em circunstâncias que não foram divulgadas. A decisão de doar os órgãos, todos sadios, veio depois que os médicos do Hospital Geral de Pirajussara decretaram a morte encefálica do adolescente. Às 5h de ontem, chegou ao IC-DF a notícia de que, apesar dos 10kg a mais, a vítima do disparo na cidade paulista era compatível com a jovem moradora de Aparecida de Goiânia.