Jornal Correio Braziliense

Cidades

Ocupação desordenada do solo compromete os recursos hídricos da capital

Quem chegou a Brasília quando a cidade ainda vivia a dicotomia entre a timidez em número de habitantes e a imponência de sua arquitetura lembra como as madrugadas eram frias e como o vento entrava por qualquer fresta despercebida. É que o clima atmosférico, assim como tantos outros atores de um ecossistema, são sensíveis à densidade da vegetação de um lugar. E, quando o cerrado some para dar lugar a asfalto, não é apenas a temperatura que acompanha a mudança. Sem a devida compensação ambiental e a execução de práticas sustentáveis, vêm as enchentes, a erosão, a poluição do ar e o comprometimento dos recursos hídricos.

Muitas dessas consequências já fazem parte do cotidiano do jovem Distrito Federal. Pequenas pancadas de chuva são capazes de provocar alagamentos na área central de Brasília, arrastar casas e causar desmoronamentos fatais nas cidades periféricas. Crescem as áreas de erosão nos locais de onde se retirou a vegetação nativa sem dar nova destinação ao solo, seja para habitação ou agricultura. ;O desmatamento é um dos maiores tiros no pé da humanidade;, afirma o professor de ecologia e presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paranoá, Paulo Salles.