Cláudio Monteiro, chefe de gabinete do governador Agnelo Queiroz (PT) e secretário-executivo do comitê da Copa do Mundo de 2014, pediu nesta noite afastamento dos dois cargos. O desligamento ocorre em decorrência de suspeitas levantadas na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal (PF), de que envolvimento dele com o esquema liderado pelo contraventor Carlinhos Cachoeira. Reportagem do Jornal Nacional desta noite exibe trechos de diálogo, interceptado pela Polícia Federal (PF), entre o araponga Idalberto Matias, conhecido como Dadá, e o então gerente regional no Centro-Oeste da construtora Delta, Cláudio Abreu, sobre suposto pagamento de um "presente em dinheiro" para Monteiro a fim de que ele beneficiasse a empresa em contratos de lixo.
Num dos trechos, Dadá afirma que está ao lado de Marcello Lopes, o Marcelão, então assessor de Cláudio Monteiro. Ele diz a Cláudio Abreu: "O Marcelão tá aqui comigo, entendeu. Eu tava falando para o Carlinhos, o seguinte. Ele veio da reunião com o Claudio Monteiro entendeu, então ele tava falando o seguinte, que é ideal você dar um presente pro cara. A nomeação só vai sair na terça-feira no Diário Oficial". O delegado aposentado da Polícia Civil João Monteiro foi designado diretor-geral do Serviço de Limpeza Urbana (SLU). Ele deixou o cargo no início de abril e foi substituído por Gastão Ramos.
No diálogo, Cláudio Abreu sugere a Dadá dar como presente a Cláudio Monteiro R$ 20 mil e mais R$ 5 mil mensais. Em outro trecho, Carlinhos Cachoeira oferece a Dadá chips de rádio Nextel e ele diz que quer dá-los a Cláudio Monteiro e Marcelão. De acordo com a PF, integrantes do esquema de Cachoeira se comunicavam por meio de rádios Nextel habilitados fora do país com o objetivo de evitar interceptações telefônicas.
Cláudio Monteiro divulgou nota em que nega participação no esquema. Ele afirma que vai colocar os sigilos bancário, fiscal e telefônico à disposição da Procuradoria-geral da República. Também sustenta que vai interpelar judicialmente Dadá e Cláudio Abreu para que confirmem em juízo o que disseram na conversa interceptada. O ex-chefe de gabinete de Agnelo também pretender mover uma ação penal e cível contra ambos por danos morais. O governador Agnelo Queiroz disse que confia no assessor, mas aceitou o pedido de desligamento.
Cláudio Monteiro é amigo e aliado político de Agnelo há mais de 20 anos e exercia uma das principais funções no governo. Além de chefe de gabinete, coordenava uma das principais ações do Executivo, a construção do Estádio Nacional de Brasília, para sediar jogos da Copa das Confederações e da Copa do Mundo de 2014.