Recife ; Em meio ao verde do Cemitério Morada da Paz, no Grande Recife, palmas ocuparam o silêncio. E com flores e lágrimas, dezenas de familiares e amigos de Saulo Batista Jansen se despediram às 12h de ontem, dia em que completaria 32 anos. A bala foi disparada aleatoriamente por um jovem de 21 anos que acabara de assaltar uma lanchonete onde Saulo estava com a mulher, a filha de cinco meses e dois casais de amigos, na 413 Norte. No velório, seu sorriso era a primeira lembrança mencionada por parentes. E a frase dita pelo pai e repetida pelos primos resumia o sentimento da família: ;Onde quer que atirassem em Saulo Jansen, o tiro acertaria seu coração, porque era tão grande quanto ele;, disse o empresário Roberto Jansen.
A dor e a saudade não deixaram espaço para rancor e revolta. Nas três horas de velório, não houve nenhuma declaração à imprensa de raiva em relação ao assassino, detido algumas horas depois do crime. ;Ninguém sabe quem é o cara nem quer saber. Não vamos atrás de informações para saber se ele vai ser condenado ou se não vai. Ele é só mais um. Para a gente, importa uma briga maior, uma briga contra a violência. Esse sujeito (o autor do disparo) é zero. É um dos milhares que estão por aí;, disse o tio Wilame Jansen, 73 anos, que assumiu o papel de porta-voz da família durante o velório e o enterro.