Jornal Correio Braziliense

Cidades

PMs usam rede social para comemorar a sensação de insegurança no DF

Escondidos no anonimato da internet, alguns policiais militares usam as redes sociais para tripudiar sobre a insegurança sentida pela população brasiliense. O Correio teve acesso a uma comunidade restrita da Polícia Militar do DF e se deparou com mensagens que comemoram os altos índices de violência. Há, inclusive, um manual para como se portar durante a Operação Tartaruga, deflagrada por alguns grupos de servidores em 15 de fevereiro.

Entre as dicas, um usuário recomenda até que o rádio dos carros da PM seja pouco utilizado para comunicação, evitando, assim, que os superiores saibam sobre o andamento do movimento. Os manifestantes reivindicam aumentar o salário de oficiais e de praças. A PMDF é a mais bem paga do país.

Outros usuários têm comemorado a sensação de insegurança sentida na capital federal. ;Tirando a família papa myke (PM), eu quero é que o paisano (civil) se exploda!”, postou um deles. Outra mensagem debocha do homicídio ocorrido na noite de sexta-feira, na 413 Norte. ;Venho através dessa comunidade agradecer pela ação do bandido, que trouxe à tona nosso movimento.;

O Correio apurou que, em resposta à Operação Tartaruga, a PM ordenou medidas para dar mais sensação de segurança à população. Pelo menos quatro batalhões determinaram que os deslocamentos de veículos ocorram com as luzes da sirene acesas. ;A ordem serve só para melhorar a imagem, mas nada adianta. Continuamos parados, sem abordar ninguém;, disse um soldado.

Pelo menos 22 praças, lotados em Ceilândia, em Samambaia, no Recanto das Emas e no Gama, serão transferidos de unidade na próxima segunda-feira. A medida seria uma represália ao movimento.

Operação

Durante a operação-padrão, os militares evitam se dirigir a situações corriqueiras, não trafegam acima da velocidade das ruas e diminuem o policiamento ostensivo. Eles buscam melhorar o plano de carreira e equiparar o salário ; que não é reajustado há quatro anos ; ao de agentes da Polícia Civil e do Detran. Apesar de as forças armadas não poderem entrar em greve, de acordo com o Código Penal, este tipo de movimento é constitucional.