A Polícia Federal deflagrou nesta segunda-feira (2/4), a Operação Estalo, que tem como objetivo desarticular quadrilhas especializadas no tráfico de aves silvestres e exóticas. No total, 62 mandados judiciais estão sendo cumpridos em oito estados e no Distrito Federal: 33 de busca e apreensão, 20 de prisão preventiva, 2 de prisão temporária e 7 conduções coercitivas nos estados de Pernambuco, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Ceará, Amazonas, Santa Catarina, Roraima.
Segundo informações da assessoria de imprensa da Polícia Federal, durante as investigações, que começaram há um ano, foi constatado que aves originárias do Equador, Peru e Venezuela eram contrabandeadas por criadores de canários que ganhavam muito dinheiro com as rinhas. Os animais eram adquiridos nesses países por cerca de doze reais e eram vendidos no mercado clandestino brasileiro a partir de cento e trinta reais. Nas rinhas os canários eram avaliados segundo as habilidades apresentadas, sendo vendidos por até R$ 100 mil cada um. As apostas também eram altas, chegando a R$ 50 mil.
A organização criminosa contava com o apoio de um policial civil, que chegava a receber cerca de R$ 3 mil por carregamento. No decorrer das investigações, mais de doze mil aves contrabandeadas pelas quadrilhas foram apreendidas em rodovias e aeroportos de diversos estados.
Para tentar legalizar as aves, os suspeitos fraudavam os sistemas federais de controle do IBAMA, com falsificações e adulterações das anilhas. Boletins de ocorrência policial também foram utilizados para justificar a comercialização irregular das aves. Pelo menos oito envolvidos possuem cadastro no sistema do IBAMA. Os grupos criminosos desmantelados hoje chegaram a ser multados pelo órgão federal nos últimos dez anos em valor superior a trinta milhões de reais por diversas irregularidades: transporte clandestino, comércio ilícito e manutenção em cativeiro de animais.
Os presos responderão pelos crimes de corrupção ativa, contrabando, receptação, formação de quadrilha, falsificação de selo público, inserção de dados falsos em sistema de informações, além de inúmeros crimes ambientais, cujas penas, somadas, podem chegar até 50 anos de reclusão.