Estudo detalhado do Instituto de Medicina Legal (IML) mostra que as drogas estão diretamente relacionadas aos assassinatos praticados no Distrito Federal. Exames toxicológicos apontam que 63% das pessoas mortas a tiros consumiram maconha, cocaína ou seus derivados, como o crack. O levantamento inédito, feito com base em mortes ocorridas em 2010 e divulgado agora, avaliou 369 laudos de autópsias, 79% do total de homicídios por arma de fogo naquele ano. A análise surpreende mais ainda quando as vítimas são identificadas por faixa etária. Entre os jovens de 15 a 22 anos, 73% apresentaram traços de entorpecentes antes de serem executados, o que mostra o poder de destruição das drogas.
O trabalho revela principalmente a devastação provocada pelo crack na última década. No ano retrasado, mais da metade (53%) dos brasilienses baleados e que perderam a vida usaram substâncias ilícitas produzidas a partir da cocaína. Como a maioria era procedente de regiões carentes e violentas do DF, especialistas ouvidos pelo Correio são enfáticos ao dizer que as pedras feitas a partir da pasta-base da coca estimulam a matança dos dependentes químicos. No entanto, mesmo enraizada entre os mais pobres e sem instrução, é cada vez maior a incidência de viciados pertencentes à classe média.