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Em entrevista ao Correio, Paulo Cézar Maia narra drama de ser queimado vivo

Por coincidência, no fim dos anos 1990, ele dividiu cela com os acusados de incendiar o índio Galdino dos Santos

Ao abrir os olhos, em cima de uma maca de hospital, Paulo Cézar Maia, 44 anos, ainda sentia o corpo queimar. Viu-se enfaixado da cabeça aos pés. A dor escapava de qualquer entendimento. Fechou os olhos novamente. Aos poucos, lembrou-se da noite de 25 de fevereiro de 2012. Seis homens incendiaram Paulo Cézar e o amigo José Edson Miclos, 26 anos, que não resistiu e morreu. Os dois dormiam em uma praça, em Santa Maria. Um comerciante da região, incomodado com a mendicância, é investigado pela polícia como suspeito de ordenar o ataque.

Em recuperação e morando na casa da irmã, Izabel Maia, 45 anos, Paulo Cézar lida com crises de abstinência. Viciado em merla e crack há 15 anos, ele não passava mais de 24 horas sem consumir essas substâncias. Hoje, ele não é dono das próprias lembranças. Nem sequer se reconhece pelo nome de batismo. ;Tem gente que me chama de Paulo Cézar. Tem gente que me chama de Halloween;, disse, referindo-se ao apelido que ganhou nas ruas.