Feito com o lixo da cocaína, o crack surgiu no Brasil no fim dos anos 1980. Bem mais agressivo e muito mais barato que o pó, era uma droga consumida basicamente por homens jovens e pobres na periferia de grandes cidades. Com pouco mais de duas décadas, há registros do consumo da pedra em todos os estados. Tornou-se popular entre pobres e ricos. Em 2010, o Ministério da Saúde estimou serem 600 mil usuários. Desses, um terço são mulheres. No Distrito Federal, não há estudo de quantas são as dependentes, mas o consumo abafado entre as quatro paredes pela classe média e escancarado entre os pobres, muitos moradores de rua, evidencia que elas já estão fortemente inseridas nessa calamidade pública.
É uma mulher quem lidera uma das maiores bocas de fumo no DF. Em 42 anos de vida, Mãe Negona, como é conhecida em Ceilândia Norte, teve 14 filhos. Muitos deles criados no convívio da droga. Avó de dois netos recém-nascidos, ela tornou-se uma referência vazia que atravessa gerações nesse ambiente sem perspectivas. Já não sabe dar conta de seus meninos e meninas, que se espalharam pelo mundo. Aqueles que ficaram, sofrem a influência do meio em que vivem. São moradores de rua e usuários de droga.
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