O tempo, implacável, correu enquanto Karen Margareth de Oliveira não viu passar quase 33 anos de sua vida presa a um leito. Nesse período, ela não viu o filho. Nem o marido. Muito menos a cidade ao redor do edifício de 12 andares que se tornou a sua casa. Ou o sol e o céu encantadores de Brasília. Dentro da enfermaria 506, no sétimo pavimento do Hospital de Base do Distrito Federal, os dias parecem durar mais para essa mulher, diante de uma existência ignorada.
Os cabelos de Karen, antes castanhos-escuros, ganharam fios brancos. A pele se transformou em um mapa em que os traços são marcas da vida. A juventude foi embora sem se despedir. Recentemente, ela completou meio século de vida, sem a companhia de um familiar, o carinho do marido ou do filho, com quem conviveu apenas no primeiro ano da criança. De pele clara e com 1,65m de altura, Karen recebe cuidados especiais da equipe do maior hospital público de Brasília, na ala da ginecologia, onde mora desde o início da internação, em estado semivegetativo. Ela pode ouvir, mas não enxerga. Reage com ruídos quando alguém lhe dirige a palavra. Parece reconhecer, pelo som da voz, os amigos mais íntimos: médicos, enfermeiros e assistentes sociais com os quais passou a conviver, sem ter escolha.
Confira reportagem completa na edição deste domingo (26/02) do Correio Braziliense.