O Governo do Distrito Federal tem mais de R$ 6,5 milhões a receber em multas de empresas de ônibus e nenhuma perspectiva de ver essa fortuna nos cofres públicos. É lento o ritmo de cobrança do órgão responsável por regular e fiscalizar o sistema de transporte público. Em grande parte, culpa do desmantelamento dele, que tem apenas um sexto dos fiscais de 18 anos atrás. Eram 330. Agora, são 72, mas 20 devem se aposentar até o fim de 2012.
Desde 1994, quando o GDF criou a carreira de auditor fiscal de atividades urbanas, o governo não contratou nenhum servidor da área, apesar de um concurso realizado em 2010. Há dois anos, 103 pessoas aprovadas no teste, que concluíram até o curso de formação, esperam ser convocadas para tomar posse e ir à rua vistoriar os ônibus. No entanto, o governo não tem data para chamá-las. ;A gente quer muito trabalhar, e o transporte precisa muito de nós;, afirma Luana Sales, 27 anos, aprovada na disputa.
Só quem ganha com isso são os permissionários, pois eles cometem cada vez mais irregularidades sem sofrer qualquer punição. Em 2010, as empresas receberam 5.985 multas e tiveram 3.208 veículos recolhidos. No ano seguinte, as infrações flagradas pelos auditores do DFTrans ; órgão que deveria organizar e fiscalizar o transporte público da capital ; subiram para 12.637, com 3.277 coletivos apreendidos.
Mas recorrendo das multas e pagando quase nenhuma os empresários recolocaram todos os veículos em circulação, com o aval da direção do DFTrans. Como revelou ontem o Correio, dos 3.953 coletivos , quase a metade tem mais de sete anos de uso, idade limite imposta por uma resolução do Conselho de Transporte Coletivo do DF. Só que em 28 de dezembro último o diretor-geral do DFTrans, Marco Antônio Campanela, criou uma norma que libera coletivo de qualquer idade.
Com a decisão de Campanela, veículos antigos retirados de circulação voltam às ruas após recadastramento do DFTrans. Caso dos dois ônibus envolvidos no acidente da manhã de sexta-feira, na Estrada Parque Taguatinga (ETPG), que deixou 60 feridos. Os coletivos, da Viação Pioneira e Viplan, tinham 14 e 15 anos, respectivamente. Ambos apresentavam pneus carecas, apesar de terem sido provados em vistoria do DFTrans recentemente.
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