Jornal Correio Braziliense

Cidades

Greve de vigilantes altera rotina de hospitais, bancos e pontos turísticos


Ao menos 60% dos 20 mil vigilantes do Distrito Federal terão que trabalhar enquanto durar a greve dos trabalhadores do setor, iniciada quinta-feira. Caso descumpra a ordem, o sindicato da categoria terá que pagar multa diária de R$ 150 mil. A decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 10; Região vale desde a primeira hora de ontem, mas não surtiu efeito ao longo do seu primeiro dia. A população ficou sem serviços público e privados, inclusive essenciais. Não havia nem sequer um segurança em alguns bancos e até unidades de saúde, o que provocou o fechamento de prédios.

Desde o início da paralisação, diversos órgãos e empresas, seus funcionários e frequentadores, foram prejudicados pela ausência dos vigilantes. Na sexta-feira, quase 90% das agências bancárias não abriram as portas, e a Secretaria de Saúde teve de recorrer à Polícia Militar para manter a segurança dos hospitais. Para manter o atendimento ao público funcionando, o controle das portarias de diversos órgãos foi feito por secretários, serventes e auxiliares de limpeza.

Ontem, no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), funcionários tiveram de revezar entre a função usual e a portaria. ;Entrei às 7h e saio às 19h. A recepção está desfalcada, porque estou na portaria. Concordo com a greve deles (os vigilantes), mas dificulta muito o nosso trabalho dessa forma. Acho que pelo menos um terço dos seguranças tinha de bater ponto;, comentou a servidora Sandra Maria da Rocha, 41 anos.

Frustração
A greve também tem atrapalhado o lazer de fim de semana em todo o DF. O Jardim Zoológico de Brasília e o Museu da República estão fechados desde sexta-feira. Ontem, visitantes se decepcionaram ao encontrar o zoológico com os portões fechados. Entre eles, o vendedor Vinícius Oliveira Silva, 28 anos, e toda a família, que veio de Goiânia (GO) apenas para visitar o zoo candango. ;Como o zoológico de lá está fechado (para reformas) e o daqui é maior, decidimos trazer as crianças para se divertiram em Brasília;, contou. As duas crianças e os dois adultos que acompanharam o goiano conseguiram apenas ver os elefantes pela grade. Para não perder A viagem de 200km, eles decidiram seguir ao Parque da Cidade e à Torre de TV.

O servidor público Edson Xavier, 44 anos, a mulher, E a professora Elizabeth Brito, 28, também queriam aproveitar o dia ensolarado para levar o filho Edson, 1 ano, para passear no zoo. Eles tomaram um ônibus, no Guará, onde moram, até desembarcar em frente ao parque, vizinho à cidade. O trio não escondeu a decepção ao dar de cara com o aviso de não funcionamento do parque. ;Agora é voltar para casa e ver se tem algum desenho animado passando na televisão;, lamentou Edson Xavier. ;Viemos de ônibus. O acesso não é tão fácil com bebê de colo, mas achamos que a distração valeria a pena;, completou Elizabeth.

O casal também reclamou da falta de opções por parte do governo para minimizar os impactos de movimentos como esse e da falta de informação das empresas privadas que fecharam suas unidades em função da greve dos vigilantes. ;Se o governo quer terceirizar os serviços, tem que pensar em um meio de não deixar a população sem opção de lazer e sem como fazer outras atividades em casos como este. Eu mesmo descobri essa greve quando tentei fazer um depósito em um banco e não consegui;, afirmou Edson.