Os rumores de que o carnaval brasiliense voltaria a ser realizado no Plano Piloto após sete anos em Ceilândia chegaram ao fim. Após várias reuniões ao longo da semana, o governador Agnelo Queiroz bateu o martelo e confirmou que a festa popular permanecerá no Ceilambódromo, pelo menos neste ano. O projeto do sambódromo, de autoria do arquiteto Oscar Niemeyer, está em análise na Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) e na Secretaria de Obras e depende de aprovação da Secretaria de Habitação, Regularização e Desenvolvimento Urbano (Sedhab). No total, serão investidos R$ 11,9 milhões, cerca de R$ 2 milhões a mais que no ano anterior.
De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria de Cultura, a decisão se baseou em uma reunião realizada no fim de 2011 com as escolas de samba. Na ocasião, ficou definido que, caso não houvesse um local definitivo para o carnaval, a festa permaneceria em Ceilândia, o que já ocorre desde 2005. Este ano, serão investidos R$ 11,9 milhões. Para os blocos e as escolas de samba serão destinados R$ 5 milhões. O apoio aos blocos tradicionais custará em R$ 1,4 milhão ao governo. A contratação de artistas consumirá R$ 1 milhão. Embora o GDF tenha reservado R$ 4,5 milhões para a instalação da estrutura do Ceilambódromo, o gasto efetivo poderá ser menor, por se tratar de processo de licitação. A obra fica com a empresa que garantir o menor preço. Ano passado, foram gastos R$ 4,1 milhões.
Expectativa
Apesar da indecisão inicial sobre o local da festa, Geomar Leite, presidente da União das Escolas de Samba e Blocos de Enredo de Brasília (Uniesbe), espera um grande carnaval este ano. ;As escolas estão trabalhando desde agosto de 2011. Elas estão preparadas, com os enredos e figurinos prontos.; O único problema, segundo ele, é o atraso na liberação da verba. ;Metade dos R$ 5 milhões já deveria ter sido repassada na última semana. Se não for paga até amanhã (hoje), complica a realização do carnaval da maneira que queremos;, alertou. Segundo a Secretaria de Cultura, o atraso ocorreu devido à demora na entrega dos documentos por parte de algumas escolas. Mas os 50% devem ser liberados até o fim desta semana. A estimativa do governo é que o restante seja repassado da seguinte forma: 40% até cinco dias antes da festa e 10% após a prestação de contas.
A mudança para um local permanente é um desejo dos carnavalescos. Em 2005, o arquiteto Oscar Niemeyer divulgou o projeto do sambódromo brasiliense ; uma estrutura semelhante ao da Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro. Em 2006, o então governador Joaquim Roriz sancionou a lei que autorizava o projeto, mas ele nunca saiu do papel. Conforme a assessoria da Secretaria de Obras, o projeto precisa passar pelo crivo da Sedhab, que vai adaptá-lo à área definida para a obra, que não tem data para começar. O local, além de sediar o carnaval, prevê a realização de outros grandes eventos, como shows e festas.
Impasse
A decisão de manter o carnaval em Ceilândia não é consenso entre os dirigentes das escolas de samba do DF. O presidente da Associação Recreativa Unidos do Cruzeiro (Aruc), Moacyr Oliveira, é contra a decisão. ;É lamentável, contraria a lógica e o bom senso, não pensa no bem do carnaval de Brasília. Essa é uma festa do povo e, a exemplo de outras festas, como o réveillon e o Sete de Setembro, deveser realizada no centro do DF para que o acesso seja igual para todos;, reclamou. ;Isso vai contra o carnaval de Brasília, é triste.;
O presidente da Águia Imperial de Ceilândia, Roniery Rezende, afirmou que a transferência da festa para o Plano Piloto seria um retrocesso. ;Para a nossa escola, não influiria muito, mas para o carnaval em si seria ruim. Lá (Plano Piloto), o público é de cerca de 8 mil pessoas e em Ceilândia, 60 mil. Já tínhamos uma noção de que permaneceria em Ceilândia. O carnaval é público e esse público é em Ceilândia;, afirmou.