Há cinco anos, os servidores da 1; Vara da Infância e Juventude (VIJ) do DF enxergam nos processos judiciais mais do que apenas nomes de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Em setembro de 2006, o trabalho jurídico foi humanizado pela criação da Rede Solidária Anjos do Amanhã, instituição que procura proporcionar igualdade de chances para os jovens que não têm garantido o acesso aos direitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (veja Saiba mais).
O programa originou-se da ideia de integrar ações voluntárias de diversas áreas e cruzar esses serviços com as necessidades dos jovens. Se alguma carência dos jurisdicionados é notada pela equipe da 1; VIJ, a rede é acionada para encontrar um parceiro que possa ajudar. Hoje, são mais de 3 mil adolescentes e crianças que recebem gratuitamente, por meio da rede, atendimento médico, odontológico e psicológico; cursos de capacitação, reforço escolar e inserção no mercado de trabalho; além de doações de alimentos e objetos.
A rede já conta com 137 voluntários e instituições, empresas e profissionais parceiros. Entre eles estão laboratórios clínicos, dentistas, psicólogos e professores. ;Em razão da carência e da falta de estrutura dessas instituições, relacionamos o que precisava. Por outro lado, tinha essa predisposição das pessoas de ajudar, seja uma casa de acolhimento, seja um adolescente, dentro do aspecto do voluntariado. Então, foi só cruzar os dados;, explicou o idealizador da rede, o juiz titular da 1; Vara da Infância e da Juventude, Renato Rodovalho Scussel.
Entidades auxiliares
Segundo o magistrado, a intenção da entidade não é substituir as políticas públicas, mas acelerar o atendimento aos jovens que vivem em instituições de acolhimento, entidades socioeducativas e casas de semiliberdade e de internação. ;Às vezes, a fila numa instituição é grande, mas, se você tem um psicólogo que atende pela rede, supre essa necessidade. Em razão da carência, você tem essa alternativa;, esclareceu o juiz Rodovalho.
Uma das diversas entidades auxiliadas pela rede é o Lar Jesus Menino, instituição de acolhimento do Núcleo Rural de Sobradinho que atende crianças de até seis anos. O presidente do grupo, Vilmar Valim Ribeiro, 68, conta que a casa conta com os próprios profissionais para atender os pequenos, mas a rede é fundamental nos momentos de maior dificuldade. ;Eles indicam voluntários e repassam doações recebidas. Graças a Deus, não precisamos demais deles, mas já tivemos ajuda com psicólogos e em outras áreas, como reforço escolar;, enumerou.
Como o Lar Jesus Menino atende crianças em situação de risco encaminhadas pela própria Vara da Infância, a visita voluntária dos psicólogos ou até mesmo a disposição dos profissionais em receber os pequenos nos consultórios são fundamentais. ;São crianças retiradas da família em função da garantia dos seus direitos. Elas são encaminhadas em função dos pais com problemas de alcoolismo, de abusos físicos, e às vezes até mesmo são abandonadas ainda recém-nascidas;, pontuou Vilmar. Segundo o voluntário, o apoio profissional para curar esses traumas psicológicos é muito importante para a restruturação emocional das crianças atendidas.