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Sem acordo entre patrões e empregados, usuário do metrô segue prejudicado

Alguns trens do Metrô-DF seguem completamente lotados no sentido Plano Piloto. O desconforto que marcou os primeiros três dias de paralisação se repete nesta manhã de quinta-feira (15/12). Quem opta por usar o sistema de transporte em vez de recorrer aos ônibus vai sofrer para conseguir entrar em um trem.

O desânimo entre passageiros era evidente ontem nos terminais, estações e dentro dos vagões. Uma senhora teve um pico de pressão e passou mal enquanto seguia de Ceilândia Sul para o Guará. Além dos transtornos, parte dos 160 mil usuários demonstrou estar incomodada por não conhecer os motivos da greve nem como caminham as negociações, e também clamava pelo fim do movimento paredista. Porém, os metroviários e a direção da Companhia do Metropolitano nem sequer se reuniram ontem para tentar colocar fim ao impasse.

Sem discussões entre patrões e empregados, uma decisão só deve ser tomada amanhã, durante uma reunião de conciliação marcada para ocorrer às 10h15, no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Enquanto nada é decidido, apenas nove trens circularam em horário de pico ; um a mais do que na terça-feira ; e quatro no restante do dia. O Metrô explicou que esse número varia de acordo com o número de pilotos ; na segunda-feira, 10 trabalharam e, em dias normais, esse número chega a 24.

Além do desgaste para conseguir se acomodar nos vagões, o tempo de espera também foi excessivo. Na Estação Ceilândia Sul, o intervalo entre um trem e outro chegou a 25 minutos. Normalmente, esse tempo varia entre três e sete minutos. Isso ocorre porque apenas 30% dos trabalhadores estão em atividade.



Desgaste
A doméstica Zelina Rocha Magalhães, 47 anos, sentiu os efeitos do desconforto enquanto seguia em um trem de Ceilândia para Taguatinga. O forte calor e a falta de espaço no vagão fizeram com que ela passasse mal. Ela foi atendida por servidores do Metrô e encaminhada a um posto de saúde no Guará. ;Pego o trem todo dia às 7h40 e sempre vou confortável. O vagão só vai cheio assim porque tem greve;, reclamou.

O técnico em informática Felipe de Araújo Vitório, 27 anos, mora em Ceilândia e trabalha no Setor Hoteleiro Sul. Desde a última segunda-feira, ele chega atrasado ao trabalho e é cobrado por não cumprir o horário. Felipe avalia que toda greve é válida, mas acredita que esse mecanismo de pressão tem sido usado de forma indiscriminada. Segundo ele, como os ônibus estão sucateados, o metrô é a única alternativa para os brasilienses. ;Os patrões precisam tomar uma providência e tomar partido. Apenas 30% dos servidores trabalhando não é suficiente. Isso prejudica toda a população;, avaliou.


Pedido de ilegalidade
Até o fechamento desta edição, a Justiça não havia se manifestado sobre o pedido da Companhia do Metropolitano em considerar o movimento ilegal. Os grevistas querem melhores condições de trabalho e realização de concurso público, e alegam que recebem benefícios inferiores aos de outros servidores do governo local. A empresa diz que vem cumprindo todos os acordos estabelecidos com os trabalhadores.