A Polícia Militar abriu inquérito para investigar denúncia de que o policial João Dias, delator do suposto esquema de corrupção no governo federal que derrubou Orlando Silva do Ministério do Esporte, teria sido coagido, em depoimento dado à Corregedoria da corporação, ao voltar atrás nas acusações feitas contra integrantes do alto escalão do GDF. Na última quarta-feira, Dias invadiu a sala do secretário de governo, Paulo Tadeu (PT), no Palácio do Buriti, e agrediu duas servidoras e um segurança ao tentar devolver dinheiro que, segundo ele, teria sido deixado em sua casa pelo irmão e por outros emissários do secretário.
Na transcrição do áudio, um homem, que seria o major Neilton Barbosa, pergunta se João Dias está gravando. Ouve que não e adverte o policial: ;Tem certeza de que você quer seguir com esse tipo de coisa?;. E segue: ;Quer relatar, relata, mas você está colocando o pé na cova;. E continua: ;Você está entrando em um campo... você sabe o que é política. Os administradores não são eternos. Hoje entra um, amanhã ele pode sair. Depois entra um outro, pode sair;.
A conversa teria sido gravada na madrugada de quarta para quinta-feira. Na quinta à noite, Dias conseguiu um habeas corpus e foi libertado. No mesmo dia, o major Neilton Barbosa apresentou um pedido de licença médica por 90 dias. A PM informou que, ontem pela manhã, o major foi afastado de suas funções. A corporação abriu inquérito militar para apurar a denúncia de coação e pediu que o MP acompanhe o caso.
Na semana passada, Paulo Tadeu apresentou provas de que seu irmão e sua cunhada estavam no Rio de Janeiro entre 1; e 5 de dezembro, o que impossibilita a presença deles na casa de Dias em 4 de dezembro, conforme acusa o PM.