Mais de 160 mil usuários do transporte sobre trilhos foram surpreendidos na manhã de ontem com a greve dos metroviários. O tempo de espera aumentou nas estações e, mesmo após o horário de maior movimento, às 9h, os trens chegavam cheios à área central da cidade.
Muitos passageiros desciam dos vagões apressados para não se atrasarem para o trabalho. Em assembleia realizada ontem à noite, os metroviários decidiram manter a paralisação por tempo indeterminado.
Apenas 30% dos trabalhadores estão em atividade. A Companhia do Metropolitano entrou com um pedido de ilegalidade do movimento. Até amanhã deverá haver uma audiência de conciliação.
Quem optou pelo metrô precisou de paciência para esperar a chegada dos trens e enfrentar os vagões lotados de pessoas. Na Estação de Águas Claras, os usuários do transporte aguardavam, em média, 12 minutos para conseguir embarcar. Nas estações de Ceilândia e Samambaia, o tempo de espera chegava a 24 minutos. Durante o horário de maior movimento de passageiros, entre 6h e 8h30, 10 veículos sobre trilhos circularam para atender à população. Ao longo do dia, esse número caiu para quatro. Na volta para casa, entre 16h30 e 20h, apenas nove trens rodaram pelo Distrito Federal. Em dias normais, são 24 nos horários de pico.
Superlotação
A secretária Leda Maria Perez, 33 anos, moradora de Taguatinga, se surpreendeu com a greve dos metroviários e se sentiu prejudicada. Ela precisa chegar ao trabalho às 8h, na Asa Norte e, como de costume, chegou à estação Taguatinga Sul por volta das 7h. ;O trem passou muito cheio, não tinha como eu entrar. Então, decidi pegar o metrô no sentido Samambaia e consegui ir sentada, mas me atrasei bastante;, reclamou. Por volta das 8h30, Leda desembarcou na Rodoviária do Plano Piloto e precisou pegar um ônibus. ;Não sei o que eles estão reivindicando, mas com certeza isso nos prejudica;, reclamou.
Por volta das 8h40, a mensageira Rayane Cristine Menezes, 19 anos, moradora de Águas Claras, desceu na Estação Central, na Rodoviária do Plano Piloto. Ela saiu apressada do vagão para evitar mais atrasos e chegar rápido ao trabalho, no Supremo Tribunal Federal (STF). ;Cheguei na estação às 7h20, mas só consegui pegar o metrô quase uma hora depois porque os trens estavam lotados;, contou. ;Acho bastante justa a greve, apesar de nos atrapalhar. Mas eles já fizeram uma paralisação neste ano.;
O telefonista Francisco Adaildo Junior, 24 anos, morador de Samambaia, estranhou a quantidade de pessoas nos trens após o horário considerado mais crítico pelos usuários. ;Os vagões estavam lotados, vi uma senhora machucar o braço na porta porque ela não conseguia entrar;, contou. Francisco esperou cerca de meia hora na estação para embarcar. ;Saí mais cedo um pouco porque precisava resolver um problema na rodoviária (do Plano Piloto) e tinha que voltar para Águas Claras, onde trabalho, mas não deu tempo;, lamentou.
A volta para casa também foi conturbada. Por volta das 18h30 de ontem, os usuários do metrô precisaram de paciência. A média de espera entre um trem de Samambaia e um de Ceilandia estava em 11 minutos. Já a diferença entre os veículos com o mesmo destino chegava a quase meia hora, segundo o sindicato dos metroviários.
E quem optou pela espera precisou ainda se apertar entre os passageiros. A superlotação fez com que o segurança Valdinan Silva, 33 anos, esperasse o dobro do tempo previsto. ;Passou um trem, mas estava tão cheio que prefiro esperar até passar um mais vazio. Hoje pela manhã, esperei 40 minutos para pegar o metrô.
Geralmente essa espera é de 15 minutos. Mas prefiro esperar mais por aqui do que encarar o engarrafamento;, disse.
Eu acho...
;Cheguei à estação para voltar para casa e vi o cartaz falando da greve. Isso é muito ruim. A população é quem fica prejudicada. De manhã, vim de ônibus, mas nesse horário da volta (18h30), o engarrafamento é muito grande e aí vamos ter que esperar muito. O jeito agora é aguardar um trem mais vazio;,
Jéssica Benevides Pereira,
20 anos, moradora de Samambaia Sul