Jornal Correio Braziliense

Cidades

Artigos de papelaria, livros e uniformes poderão ter aumento de 5% a 10%

Os pais que estiverem financeiramente preparados para unir os gastos das festas de fim de ano com a compra do material escolar podem fazer bons negócios durante a primeira quinzena de dezembro. Um levantamento feito pelo Correio apurou que os valores podem subir de 5% a 10%, sobre livros, artigos de papelaria e uniformes do dia 15 em diante. Este período é considerado de transição para o setor, que recebe, ao mesmo tempo, as listas das escolas com os itens necessários para o próximo ano letivo e os novos produtos dos fabricantes, que vão compor o estoque para a volta às aulas 2012.

Apesar das empresas fazerem, historicamente, as maiores promoções também no primeiro mês do ano, a diferença para quem espera até o último minuto acaba não sendo tão representativa. Tanto que os próprios gerentes acabam recomendando que as famílias se organizem com antecedência.

Gustavo Henrique Sousa Silva, gerente da papelaria ABC conta que a procura sobre os materiais escolares já representa 60% do movimento da loja. "Estamos atendendo, em média, 30% mais clientes que no mês passado. Nossa expectativa é que esse percentual dobre em janeiro, o que pode dificultar, por exemplo, a pronta entrega de alguns livros", explica.

Corre-corre
A professora Aline Bueno Ossani Ribeiro, de 36 anos, conhece o corre-corre do início do ano e decidiu se antecipar. "Tenho feito isso sempre, porque a confusão nas lojas em janeiro é insuportável. Sou prática, em duas horas no máximo está tudo resolvido. Além do mais, quase 70% dos gastos são com livros e esses preços não vão ficar mais baratos", diz.

Na Casa do Colegial, Eloisa Alves Camelo, gerente da loja, assegura que apesar dos aumentos não terem começado, algumas marcas específicas já reajustaram os preços de toda a linha. "Não foi um aumento muito grande, mas houve. Quem for comprar agora não deve perceber, porque é necessário escolher produtos bastante diversificados e no final a diferença acaba não sendo muito grande".
Uma saída muito comum adotada pelos pais, de acordo com Eloisa, é de dar preferência as marcas mais simples quando o artigo serve para o uso coletivo. "As escolas costumam especificar na própria lista o que vai ser só do estudante e o que será colocado à disposição da turma. É nessas horas que as pessoas pensam em fazer economia ou balancear a conta. Quem investiu em material de qualidade para o filho, vai optar por produtos mais baratos para o uso de todos", completa.


Condições de pagamento
O advogado Ricardo Piquet, 40 anos, se diz ser marinheiro de primeira viagem. Sem costume de fazer compras de material escolar, ele preferiu fazer alguns orçamentos antes de entrar nas lojas e separar item por item. "Liguei antes, porque a maioria das empresas já tem o orçamento separado. Quando cheguei aqui já sabia que ia gastar perto de R$ 500 e vai ser essa a conta", disse determinado. A intenção de adiantar as compras para a filha, Vitória, de apenas 5 anos não foi exatamente pensando em economizar ou pegar menos fila. "Estou preocupado com os prazos, porque tenho que viajar e ainda é preciso encadernar algumas coisas".

A maior parte das lojas deve seguir com a opção de parcelamento em até quatro vezes durante os meses de dezembro e janeiro. Os descontos para pagamento à vista também variam de 5% a 10%, de acordo com a empresa. Em alguns casos, o percentual é determinado pelos empresários, em outros, é possível negociar. Quem quiser comodidade pode orçar pelo telefone e até fazer as encomendas sem ter de ir às lojas. Para dar mais comodidade, algumas companhias estão oferecendo serviço de tele-entrega. O consumidor precisa estar atento apenas a taxa de conveniência, que será acrescida no valor final.


Memória mensalidade
O Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe) informou em outubro que cerca de 170 escolas filiadas à entidade vão elevar as mensalidades no ano letivo de 2012. Os percentuais dos reajustes devem ficar entre 11% e 14%. Os valores superam o fechamento previsto para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), que está em 6,4%. O aumento acumulado nos últimos cinco anos, levando em conta os reajustes máximos, já chega a 73%. No mesmo período, a inflação oficial medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não passa de 25%, ou seja, quase três vezes menor.

A presidente do Sinepe, Amábile Pacios, defendeu os estabelecimentos e afirmou que os aumentos de devem a diversos fatores econômicos. "Subiram água, luz, IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). Os professores tiveram aumento real de 5,4%. E nós somente podemos fazer o nosso reajuste uma vez por ano. Se não tomarmos cuidado, a saúde financeira das escolas ficará comprometida".