Relatório parcial do Plano de Gerenciamento Integrado de Recursos Hídricos do Distrito Federal aponta que três das sete bacias hidrográficas que cortam a região têm pelo menos um subafluente em situação crítica entre agosto e outubro. Durante o período de estiagem, cerca de 50% da vazão dos reservatórios do Rio Descoberto, do Lago Paranoá e de São Bartolomeu diminui, segundo a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa).
O levantamento revela que, durante a falta de chuvas, o Rio Descoberto é o manancial que mais sofre, pois não consegue atender à demanda da região. Ao longo dos três meses, 65% da população do DF acaba afetada com a seca do Descoberto, que tem 796 quilômetros quadrados de dimensão e corta quatro regiões administrativas.
Durante a temporada de precipitações, o Descoberto sofre uma vazão máxima de 14m; por segundo, utilizada pela Adasa para a concessão de uso por moradores. Em agosto, a quantidade cai para 6m;. O mesmo ocorre nas bacias do Lago Paranoá. Com as chuvas, o escoamento chega a 12m; por segundo; na estiagem, a 4m;. Nas do São Bartolomeu, em janeiro, a vazão é registrada em 20m; por segundo; na seca, menos de 10m;.
Segundo o coordenador de Regulação da Superintendência de Recursos Hídricos da Adasa, Pablo Serradourada, a baixa saída e, consequentemente, um menor nível da corrente contínua de água na época da seca estão ligados diretamente ao alto consumo no setor agrícola. A ameaça está na construção de canais de irrigação para a agricultura, sem a autorização do órgão responsável. ;Quem faz isso detona os rios. É como se essas pessoas fizessem um monte de gambiarras para utilizar a água.;
Conclusão
O Plano de Gerenciamento Integrado de Recursos Hídricos do DF também aponta a qualidade dos mananciais. Preliminarmente, a Adasa informou que, entre 2009 e 2011, a condição da água se encontra entre boa e média. Segundo Serradourada, o DF aparece à frente de outras capitais do Brasil quando o assunto é o monitoramento das bacias hidrográficas, com a medição de uma série de componentes químicos. ;O mínimo que a legislação pede é que a cada mil km; haja uma estação. Aqui, temos entre cinco a seis no mesmo espaço. Um total de 47 em todo o DF;, afirmou.
O coordenador de regulação lembrou que a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) estipula que, em 2030, a água disponibilizada para o uso humano acabará. ;Mas isso foge às informações presentes no plano, que indica uma certa folga em todo o DF;, pontuou. A Caesb foi procurada ontem pelo Correio, mas o órgão preferiu não se pronunciar. ;Recebemos o relatório parcial apenas hoje (ontem). Por isso, quem integra a comissão do estudo do plano ainda não concluiu a leitura;, esclareceu a assessoria de imprensa.
A previsão é que o estudo esteja concluído em abril de 2012. Em seguida, será encaminhado ao Conselho de Recursos Hídricos do DF. Com a aprovação, a capital federal ganhará um planejamento na área depois de cinco anos de espera. ;Esse relatório será um norte para dizer quais são as regiões em risco por conta do adensamento populacional. Deverá ser atualizado a cada quatro anos.
Cada região terá um plano local;, revelou Serradourada. Além da Adasa, especialistas de órgãos como Caesb, Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural e Secretaria de Obras participam do levantamento.
Conservação
Projetos para reverter o descaso da população quanto ao uso da água estão em vigor no DF. O Rio Descoberto é contemplado desde o ano passado com o programa Descoberto Coberto. A iniciativa promove ações para a proteção do manancial, como o plantio de árvores nas margens da bacia.