Umas das estrelas mais famosas do Zoológico de Brasília morreu na madrugada de ontem. A girafa Léo foi encontrada às 6h40 por um tratador, deitada, com o pescoço no chão e sem sinais vitais. O animal tinha 17 anos e sempre foi considerado saudável pelos veterinários. A causa da morte de Léo ainda não foi descoberta, e a investigação deve demorar pelo menos 60 dias. Fragmentos dos órgãos foram encaminhados para laboratórios da cidade e de São Paulo (SP). Após a necropsia, o mamífero foi enterrado no cemitério do próprio zoológico.
A superintendente de Conservação e Pesquisa do Zoológico de Brasília, Juciara Pelles, explicou que Léo não tinha nenhuma doença e que, no último domingo, dia de maior visitação, o animal não apresentou qualquer sintoma diferente. Segundo ela, durante a necropsia, não foi encontrada nenhuma alteração nos órgãos do mamífero. Fora o material encaminhado aos laboratórios, outras partes do organismo da girafa foram doadas para a Universidade de Brasília (UnB).
;A morte do Léo foi uma fatalidade. Ele se alimentou normalmente no domingo e estava normal durante o dia de funcionamento do zoológico. Encontramos movimentação de terra no local e isso indica que o animal agonizou antes de morrer. Ele sempre foi muito dócil, de fácil manejo e tranquilo. É uma perda para todos;, completou.
Segundo a veterinária-chefe do Zoológico de Brasília, Luisa Helena Rocha da Silva, Léo teve uma leve diarreia na semana passada, mas sem nenhuma gravidade. Além dos exames laboratoriais dos órgãos, um hemograma também foi solicitado. Entretanto, Luisa disse que a qualidade do sangue pode atrapalhar as análises, já que o material foi colhido algumas horas após a morte.
Léo chegou ao zoo em 4 de dezembro de 1997, diretamente da África do Sul. A primeira companheira dele, a girafa Bia, morreu em 2003 quando estava prenha pela terceira vez. Teve uma insuficiência cardíaca. Agora, o zoológico fica apenas com duas girafas: Yaza e Ivelise, respectivamente companheira e filhote de Léo. A diretoria estuda trazer de volta Zagallo, o filhote primogênito de Léo com a primeira fêmea, Bia. A expectativa de vida de uma girafa na natureza é de até 25 anos, tempo que, em cativeiro, pode chegar a até 35, por causa dos cuidados.
História
Léo era viúvo quando Yaza chegou ao Jardim Zoológico de Brasília, em 2004. Era parceiro de Bia, com a qual teve dois filhotes. O primogênito do casal foi Zagallo, nascido em 1998, batizado em homenagem ao técnico da Seleção Brasileira na época da Copa do Mundo sediada na França. Atualmente, o macho está emprestado ao zoológico do Rio de Janeiro, mas deve retornar para a capital federal após a morte do pai. O segundo filhote, a fêmea Ana Raio, tem uma curiosa história por trás do nome: menos de uma semana antes do nascimento, um raio caiu na casa de Léo e Bia, levando as girafas a desmaiar.
A equipe do zoológico teve um grande trabalho em levantar os gigantescos animais, e uma profunda preocupação cresceu em torno da saúde do filhote que ainda estava para nascer. A pequena guerreira chegou ao mundo saudável, em 16 de novembro de 2002, e foi batizada com um nome à sua altura. Ana Raio vive hoje na Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte, antigo lar de Yaza ; foi feita uma troca de animais entre as cidades.
Homenagens
As girafas Léo e Bia receberam esses nomes em homenagem à música de Oswaldo Montenegro. A letra fala da vida de dois amigos dele que se amavam mas viviam separados pela distância; um em Brasília e outro em Belém do Pará.