Jornal Correio Braziliense

Cidades

Crescimento do número de focos de dengue põe a capital federal em alerta

Mais da metade dos municípios do país avaliados pelo Ministério da Saúde (MS) estão em situação de alerta ou risco para a ocorrência de surto da dengue. O risco iminente, calculado quando pelo menos quatro de 100 residências apresentam focos de reprodução do mosquito transmissor da doença, atinge cerca de 4,6 milhões de pessoas em 48 cidades brasileiras. Já a situação de alerta ; observada quando a infestação ocorre em percentual que varia de 1% a 3,9% dos domicílios ; afeta 236 cidades, sendo 14 capitais. Brasília não apenas está entre elas, como teve piora no índice deste ano, quando comparado ao do ano passado. Em 2010, o Distrito Federal tinha um índice de 0,6%, considerado satisfatório. Neste ano, subiu para 1,1% ; valor maior do que o observado em Campo Grande (1%) e um pouco inferior ao de Goiânia (1,2%). Os índices mais altos entre as capitais foram observados em Salvador (3,5%), Palmas (3,1%) e Recife (3,1%).

Para chegar aos dados, o ministério avaliou 561 cidades em outubro e novembro deste ano por meio do Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa 2011). Com a ferramenta, é possível gerar um mapa no qual pode-se identificar a concentração das larvas do mosquito transmissor da dengue. Ao anunciar os dados, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ponderou que eles não representam ;o risco de uma epidemia;, que ;deve combinar o foco do mosquito e o aparecimento no número de casos;. Mas o secretário de Vigilância em Saúde da pasta, Jarbas Barbosa, reiterou a necessidade de vigilância para as cidades que receberam uma mancha vermelha no mapa da dengue. ;Há uma correlação entre índice de infestação alto e risco de epidemia, isso é comprovado cientificamente.; Ainda segundo o secretário, a combinação da ;mobilização da comunidade e um efetivo trabalho de campo dos agentes de saúde; pode melhorar a situação das cidades ainda neste ano.

O secretário exemplificou a necessidade do reforço no combate ao foco do mosquito com a realidade da capital federal: ;Em Brasília, como em outros municípios, temos uma situação muito desigual entre bairros da cidade. Se um bairro determinado está com índice alto agora e nada for feito, isso vai se espalhar para os outros lugares e aí você vai ter muitas novas áreas com risco para dengue quando chegar o verão;. O coordenador-geral do Programa de Prevenção e Controle de Dengue da Secretaria de Saúde do DF, Ailton Domicio da Silva, adiantou ao Correio que 20 regiões do DF mantêm os índices de infestação abaixo de 1%, ou seja, satisfatórios. No entanto, pelo menos cinco regiões contribuem para elevar o índice geral da região: Colônia Agrícola Samambaia (4,5%), Recanto das Emas (de 1,1% a 2,6%), São Sebastião (2,4%), Guará I (2,3%) e Lago Norte (2%).

Segundo Ailton Domicio, em Brasília, os principais criadouros do mosquito da dengue estão localizados em recipientes móveis. ;No Lago Norte, por exemplo, 66,7% dos casos de focos são em vasos de plantas, bebedores de animais, pequenos depósitos, objetos que acumulam água por descuidos do morador.; O tal descuido é apontado por Ailton como um dos possíveis motivos para o aumento do índice de foco do mosquito em Brasília. ;A explicação desse aumento é difícil de ser dada, já que as ações de prevenção e mobilização aumentaram. Quando o agente passa e encontra uma situação de risco, ou ela é eliminada ou tratada com inseticida. E ela vem acompanhada de orientação, mas, se o morador não incorpora a orientação, fatalmente a situação poderá se repetir;, afirmou.

Ailton reforça, no entanto, que o aumento no percentual dos focos não representa diretamente o aumento de casos. Em 2009, o DF teve 463 ocorrências confirmadas de janeiro a novembro. No mesmo período de 2010, 12.426. Até 3 de dezembro deste ano, 1.469. ;Em 2010, tivemos um surto. Neste ano, não conseguimos equiparar nosso números com os de 2009, mas esse é o objeto para o verão 2011-2012;, afirmou. Ainda neste ano, o Ministério da Saúde repassará R$ 2,2 milhões ao DF para a ampliação das ações contra a dengue na região.

Colaborou Renata Mariz