Joalheiros do Distrito Federal estão preocupados com os recorrentes assaltos às lojas em locais considerados seguros. Câmeras de segurança e alarmes não têm sido suficientes para intimidar criminosos e muitos dos roubos foram praticados à luz do dia, em locais inesperados como shopping centers ou até mesmo próximos a postos policiais.
Na última sexta-feira, quatro assaltantes, dois deles armados, renderam as vendedoras da loja Stella Guerra, na QL 6 do Lago Sul, e levaram todas as joias do estoque e do mostruário, além de arrombarem o cofre. O dono do estabelecimento ainda não calculou o prejuízo. Diante de mais um caso, a Associação do Comércio e Indústria de Joias, Gemas, Relógios e Afins do DF (AJODF) pede providências do governo para aumentar a segurança.
O crime ocorreu a 200 metros de um posto comunitário de segurança da Polícia Militar e a 50 metros da Polícia da Marinha. ;Limparam a loja e ninguém viu. A gente esperava que isso acontecesse em São Paulo ou no Rio de Janeiro, mas não em Brasília;, disse Isabela Guerra, filha da proprietária.
Depois do assalto, o empresário Daniel Guerra, também proprietário da joalheria, pretende investir em novos procedimentos de segurança. ;Com certeza, vamos adotar um novo sistema, mas é muita audácia desses bandidos entrarem em uma loja que fica muito perto de um posto policial;, avaliou. Até o fechamento desta edição, não se tinha uma estimativa do montante roubado e agentes da 10; DP (Lago Sul) estavam à procura dos assaltantes.
Mudança
Quem passou pelo trauma de ser assaltado não esquece. Em fevereiro deste ano, o empresário Giovani Rocha teve as peças da joalheria Jr. Gemas e Joias levadas. Os criminosos agiram de forma semelhante ao roubo da última sexta-feira. Um casal pediu para ver alianças e uma terceira pessoa rendeu o segurança e anunciou o assalto. Anéis, colares e um notebook foram colocados em uma bolsa vermelha e a quadrilha fugiu após seis minutos de ação. A joalheria funcionava na Quadra 303 da Asa Sul, mas, após o episódio, Giovani decidiu mudar para o Lago Sul. ;Não adiantou nada porque até aqui tem ocorrido assaltos. A gente trabalha com muita insegurança;, reclamou.
Policiais da Delegacia de Repressão a Roubos (DRR) prenderam oito assaltantes no dia seguinte. Eles integravam uma quadrilha especializada em roubos a joalherias no DF. O judiciário, entretanto, mandou soltar três deles imediatamente. Outros três cumprem pena por receptação em regime semiaberto e dois, em regime fechado. Dos cerca de R$ 300 mil em joias roubadas, apenas 30% foram recuperadas. ;Todo tipo de segurança a gente instala para se precaver, mas não é suficiente;, avalia o dono da Jr. Gemas.
Monitoramento
Para o presidente da Associação do Comércio e Indústria de Joias, Gemas, Relógios e Afins do DF (AJODF), Valmir Jacinto Pereira Júnior, Brasília tem começado a apresentar problemas comuns a metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro. ;É uma preocupação no Brasil inteiro, mas em Brasília tem acontecido até mesmo em locais considerados seguros. Nos reunimos com a cúpula da Secretaria de Segurança Pública no início deste ano para fazer projetos e traçar estratégias, mas até agora não tem nada de efetivo;, disse.
Entre as propostas, está a criação de um banco de dados dos assaltantes e a instalação de um sistema de monitoramento ligado à Central Integrada de Atendimento e Despacho (Ciade) da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF). ;Foi comentada a instalação de um botão de pânico nas lojas, com ligação direta com a delegacia da área, mas não tem nada em curso;, explicou Valmir Jacinto.
Segundo o subsecretário de Operações de Segurança da SSP-DF, coronel Jooziel de Melo Freire, o número de roubos a comércio tem diminuído. Entre janeiro e setembro de 2010, foram 1.597 casos, contra 1.551 no mesmo período deste ano. Ele alerta para o aumento de roubos em razão das festividades de fim de ano. ;A maioria dos assaltos acontece entre novembro e dezembro, quando os lojistas estão com estoque maior;, disse. De acordo com Jooziel, o efetivo da Polícia Militar nas ruas aumentou e a atenção está voltada para o comércio.
Agressão
Essa foi a primeira vez em 11 anos que a joalheria do Lago Sul foi assaltada. O roubo ocorreu por volta das 15h. Um homem bem vestido entrou e pediu para a vendedora mostrar uma aliança. Em seguida, outros dois comparsas apareceram e anunciaram o assalto. Um dos bandidos chegou a puxar os cabelos de uma funcionária e a apontar a arma para a cabeça dela. Após a ação, que durou cerca de 15 minutos, os ladrões atiraram em um monitor das câmeras de segurança antes de ir embora, mas as imagens foram recuperadas pela polícia.
MEMÓRIA
2011
27 de outubro de 2011
Bandidos renderam 15 clientes e 11 funcionários da Paris Joias, em Taguatinga. Foram roubados pulseiras, relógios, anéis e cordões de ouro. O prejuízo estimado foi de R$ 500 mil. Três suspeitos acabaram presos.
20 de dezembro de 2010
Um adolescente de 16 anos foi apreendido por assaltar uma joalheria no Gama. Por volta das 17h15, o garoto e outros dois rapazes entraram no Shopping Gama e foram até a joalheria, onde estavam um cliente e cinco funcionários. O trio anunciou o assalto e prendeu todos em uma sala, mas uma vendedora conseguiu acionar o alarme e chamar a atenção dos seguranças. Apenas um dos menores foi pego. Os demais conseguiram fugir. O prejuízo estimado foi de R$ 18 mil.
30 de junho de 2009
Quatro bandidos levaram cerca de R$ 300 mil em mercadorias de uma joalheria no ParkShopping. O assalto aconteceu à luz do dia. Eram 13h, quando dois homens bem vestidos entraram na loja, situada no segundo piso do centro de compras. Em seguida, chegou o terceiro integrante do bando, acompanhado de uma mulher. Ela recolheu 12 tipos de pedras preciosas, enquanto homens armados vigiavam os funcionários do local. Parte da ação foi flagrada por câmeras de vigilância. O grupo acabou preso em Pirenópolis (GO).