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Espelho d'água da Usina de Serra da Mesa atrai fãs de pescaria


Localizado no noroeste goiano, o Lago da Usina de Serra da Mesa é o maior do Brasil em volume de água ; com 54,4 bilhões de metros cúbicos ; e tem espaço de sobra para os pescadores. A três horas de Brasília, o local é uma boa opção para quem quer descansar, conversar fiado e ter contato com as belezas naturais do cerrado. Os chapadões que rodeiam a Serra da Mesa começam a aparecer logo na estrada, e o turista pode sentir, ainda durante o percurso, o que o espera. Além do lago, há passeios em grutas e cachoeiras próximas.

Mesmo com tantos atrativos, o forte da região é a pescaria. E o Lago de Serra da Mesa costuma ser generoso com quem gosta de pescar. Abundante na região, o tucunaré é o preferido dos pescadores, mas também há muitas corvinas e pintados. Fácil de ser fisgado, o piau é um dos tira-gostos preferidos dos frequentadores. Como estamos no período de piracema (1; de novembro a 28 de fevereiro), a pesca é restrita. É bom não arriscar e tentar levar o peixe para casa, porque unidades da polícia ambiental de Goiás e do Distrito Federal intensificaram a fiscalização no intuito de combater a pesca ilegal, e não são raras as blitzes na estrada.


O Lago de Serra da Mesa abrange seis municípios goianos e tem uma extensão de 1.784 km;, o que corresponde a 37 lagos Paranoá em tamanho. Desde a inundação na década de 1990, para a construção da Usina Hidrelétrica de Serra da Mesa, o lago se formou pela união de três rios: Tocantins, Traíras e Maranhão. Os encontros desses rios são constantemente disputados pelos pescadores. ;Já pesquei um tucunaré de 6,5kg e 68cm por essa região, até tirei foto mostrando a balança para as pessoas não dizerem que é papo de pescador;, contou o autônomo Leandro Carlos Gomes, 26 anos, morador de Niquelândia (GO).

Além da abundância de peixes e aves, como a siriema, o lago de Serra da Mesa tem um importante diferencial em relação a outros pontos pesqueiros: os incômodos insetos típicos de beira de rio quase não existem na região. Isso porque as águas são alcalinas, dificultando a proliferação de mosquitos, pernilongos e mutucas. Mesmo assim, é recomendável o uso de repelente.

Acomodações simples
O lago chega a seis cidades goianas, mas Niquelândia e Uruaçu são as duas que centralizam o turismo de Serra da Mesa, por apresentarem melhor infraestrutura. Apesar do movimento, a oferta de restaurantes e serviços de uma forma geral é escassa. Farmácias, somente as da cidade, bem como restaurantes. Para hospedagem, há várias opções de pernoite, como as pousadas e as áreas de camping próximas ao lago. Os hotéis estão localizados nas cidades mais próximas.

As pousadas têm diárias de R$ 60 a R$ 175. Como a maioria da clientela é de pescadores, os estabelecimentos investem bastante em material para a pesca. É fácil alugar motor, lancha e comprar isca viva ou artificial. A média de aluguel do barco é R$ 230. Já as acomodações são simples nas imediações.

Famílias costumam preferir se hospedar às margens do lago. Entre as opções mais procuradas, estão a Estância Corujinha e a Pousada Vida de Peixe, ambas localizadas na saída de Niquelândia, sentido Mina Codemin, na GO-237. Tanto na Estância Corujinha quanto na Vida de Peixe, há chalés de alvenaria com capacidade para até três pessoas. A Corujinha é tradicional. O gerente, João Alvino Macabeu, trabalha há 13 anos no estabelecimento e lembra toda a história da região, desde o alagamento inicial, quando várias construções ficaram submersas.

A Vida de Peixe, inaugurada há apenas dois meses, aposta no alto padrão. ;Pensamos em atrair as famílias e, por isso, colocamos a piscina e os passeios guiados para que as esposas e filhos também possam se distrair;, explica o proprietário, Olahir Alves de Castro Neto.

Movimento
Os turistas da região de Serra da Mesa vêm principalmente de Goiânia e Brasília, e a maioria aproveita o fim de semana e os feriados prolongados para a viagem. Para o período de carnaval, que é de alta temporada, algumas pousadas locais, como a Serra da Mesa, já estão com reservas esgotadas. A média de público para a folia é de 30 mil pessoas, somente em Uruaçu.

Além da pescaria, os turistas passeiam de lanchas, jet skis e canoas. Uma das dicas é visitar a Cachoeira da Serra Negra. Para chegar, é preciso contratar um ;piloteiro;, guia que conduz as embarcações. Eles cobram, em média, R$ 50 por dia.

A 8 quilômetros do centro de Uruaçu, existe a praia Generosa, à beira do lago. Chega-se até lá seguindo a GO-237. Outro passeio é conhecer as grutas da Lapa e da Pingueira, próximas à Rodovia da Sé, mas não existe nenhuma sinalização. Somente as pousadas são bem sinalizadas. Não há um Centro de Atendimento ao Turista em Niquelândia, mas a prefeitura da cidade costuma dispor de guias. Uma sugestão é conversar com os moradores e se informar na recepção sobre as pousadas e os melhores destinos. Com tantas belas paisagens, vai ser difícil não voltar com um álbum cheio de fotos e a cabeça relaxada do dia a dia na cidade.

Para saber mais

Sítios arqueológicos
No local onde hoje está situado o lago de Serra da Mesa havia 77 sítios pré-históricos vinculados a grupos caçadores-coletores e 104 sítios pós-coloniais. Em 1995, antes da implementação da usina, foi feito um trabalho de resgate arqueológico.

O caminho

Estradas: BR-251 e BR-414. Pista única com acostamento. Em alguns trechos, não há sinalização. Além das muitas curvas, os carros velhos e os caminhões na estrada exigem atenção redobrada dos motoristas.
Tempo médio de duração da viagem: 3h
Para chegar ao Lago da Usina de Serra Mesa partindo do centro de Brasília, siga no sentido Brazlândia pela DF-240. De lá, entre na BR-251, sentido Padre Bernardo. No povoado de Dois Irmãos, há um entrocamento. Para Niquelândia, o motorista deve seguir pela BR-414; para Uruaçu, pela BR-080. De Niquelândia até o lago, são 35km. Siga em direção à mina Codemin, pela GO-237.