Jornal Correio Braziliense

Cidades

Secretária diz que 1.150 devem assumir cargos na saúde nesta sexta

Servidores da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Samambaia protestaram na manhã de ontem contra a mudança na gestão do serviço, agora sob os cuidados do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Eles também reivindicaram a contratação de mais médicos e a melhoria das condições de serviço em uma manifestação realizada em frente à unidade. A falta de profissionais tem prejudicado o atendimento à população. Durante toda a manhã, apenas dois médicos ; um clínico geral e um odontólogo ;trabalhavam no local e recebiam apenas os casos emergenciais.

De acordo com o administrador da UPA de Samambaia, Norberto Costa, seria necessária a presença de pelo menos oito médicos por turno na unidade: três clínicos, três pediatras, um traumatologista e um dentista. ;Também sofremos com problemas na estrutura. Não temos um abrigo para colocar o lixo hospitalar. Encaminhamos todas essas questões para a Secretaria de Saúde. Passar a responsabilidade para o Samu não vai resolver essa situação;, afirmou. Na última semana, ficou acordado em uma reunião entre representantes do Conselho Regional de Medicina (CRM), o Sindicato dos Médicos do DF (Sindmédico-DF)e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) que a Secretaria de Saúde do DF deve adequar a unidade às necessidades dos médicos ou fechar as portas.

Gestão
Quanto à mudança de gestão, o diretor regional do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde do Distrito Federal (SindSaúde), Eurico Jorge Oliveira, argumentou que a decisão da secretaria, publicada no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF), foi unilateral e, até o momento, o Samu não assumiu a unidade de saúde de Samambaia. ;Ficamos sem saber como isso iria ocorrer, não nos avisaram nada. Não somos contra o Samu, mas queremos saber com que estrutura eles vão gerenciar as UPAs.;



O secretário adjunto de Saúde, Elias Fernando Miziara, explicou que não haverá nenhuma transição porque o Samu também faz parte do quadro do órgão. ;Nosso objetivo é unir o serviço de atendimento móvel ao fixo, que são complementares. Atualmente, estamos enfrentando dificuldades na interligação do sistema;, explicou. Miziara adiantou que uma reunião deverá ser realizada para esclarecer as dúvidas dos servidores da unidade de Samambaia e, enquanto o problema de gestão não for solucionado, o governo não vai inaugurar outra UPA. Quanto à falta de médicos, o secretário-adjunto adiantou que 1.150 profissionais aprovados em concurso público foram convocados e deverão assumir os cargos a partir do próximo dia 25.

Descaso
Pacientes chegaram à unidade de saúde durante toda a manhã em busca de atendimento. A dona de casa Eliane Maria Silva, 33 anos, moradora de Samambaia, se sentiu mal e foi até à UPA para medir a pressão arterial, mas não conseguiu ser atendida. Ela se irritou com o descaso e chegou a gritar com os funcionários. ;Esperei por mais de 30 minutos e disseram que não tinha médico. Essa não é a primeira vez que isso ocorre. Eles têm a obrigação de nos atender;, reclamou. Cansada de esperar, Eliane voltou para casa sem conseguir se consultar com o médico.

[SAIBAMAIS]A dona de casa Maria Conceição da Silva, 50 anos, moradora de Samambaia, também saiu insatisfeita da UPA na manhã de ontem. Ela não conseguiu agendar uma radiografia por falta de profissionais especializados. ;Eles me deram um papel com o telefone daqui para eu ligar todos os dias e, quem sabe, conseguir marcar. Enquanto isso, eu fico aqui sentindo dores nas costas e nas pernas;, contou. Maria Conceição procurou a unidade por estar localizada mais perto de casa. ;Sem contar que a gente leva mais de dois anos para conseguir fazer um exame no posto de saúde. Pagamos nossos impostos em dia, temos direitos;, protestou.

Média complexidade
Inaugurada em fevereiro deste ano, a primeira a entrar em funcionamento, a UPA de Samambaia já atendeu cerca de 70 mil pacientes. Foram 36.905 na clínica médica, 17.216 na pediatria, 12.195 na ortopedia e 1.338 na odontologia. O modelo nacional implantado no DF é uma estrutura de complexidade intermediária entre as Unidades Básicas de Saúde e os hospitais. Nela, o atendimento é feito de acordo com a classificação de risco do paciente.