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Excesso de velocidade é apontado como principal causa de acidentes no Eixão

De janeiro a outubro, radares do DER flagraram 31 mil infrações por excesso de velocidade na via que atravessa as asas Sul e Norte. Especialistas sugerem soluções para o fim das tragédias, como a colocação de muretas e a redução de 80km/h para 60km/h


A cada hora, quatro motoristas são flagrados no Eixão por causa de alta velocidade. Houve 31 mil multas aplicadas pelos radares instalados pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER), entre janeiro e outubro. A quantidade de condutores em desrespeito às leis de trânsito é apontada como uma das principais causas de violência na rodovia onde seis pessoas morreram em 2011. A tragédia mais recente ocorreu na última quinta-feira, quando o Gol da antropóloga Marina Ravazzi, 25 anos, bateu de frente com um Fox. O acidente fatal reacendeu o debate sobre possíveis soluções para a insegurança na pista. Uma das hipóteses seria reduzir o limite de velocidade de 80km/h para 60km/h. Ontem, amigos e familiares da vítima deixaram um ramalhete de flores na altura do local da batida.

Em resposta, o DER pretende fazer melhorias em um antigo projeto de construção de muretas ou de canteiros na faixa presidencial. Com isso, evitaria novas colisões frontais. Proposta parecida foi vetada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) há quatro anos. O DER ainda não sabe quais serão as alterações e quando submeterá o novo documento ao órgão de proteção ao patrimônio. O superintendente do Iphan, Alfredo Gastal, declarou que não vê a reforma do Eixão como solução para o trânsito, mas afirmou que receberá o projeto do governo ;sem preconceito;.

Para urbanistas e especialistas em segurança no tráfego ouvidos pelo Correio, a discussão sobre o que fazer para evitar os acidentes em uma das principais vias da capital do país não deve focar apenas na estrutura. A maioria, por exemplo, refuta a ideia das muretas porque elas seriam um obstáculo fixo a mais para batidas. ;A gente não pode se livrar das nossas responsabilidades culpando a cidade;, defendeu o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB) Cláudio Villar de Queiroz.

Atualmente, 24 pardais vigiam os 80 mil veículos que trafegam diariamente no Eixão. Apesar da forte vigilância eletrônica, até maio, o DER não mantinha agentes de rua. Em junho, 60 começaram a atuar e, de acordo com o diretor-geral do órgão, Fauzi Nacfur Junior, mais 60 devem ser convocados até 2012. O analista de trânsito Luis Miura, ex-diretor do Detran, reforça que as mortes só diminuirão a partir do momento em que o DER monitorar a via de forma eficiente. ;A fiscalização eletrônica é útil, mas não resolve. É preciso colocar os agentes ao longo da via, além da fiscalização móvel.; Miura também defende a redução do limite de velocidade para 70km/h.

Monitoramento
O doutorando em transportes da UnB Artur Morais defende a vigilância rigorosa por meio da instalação de câmeras de gerenciamento de tráfego. O especialista também propõe a mudança de classificação do Eixão de rodovia para via urbana. Isso implicaria na redução da velocidade e na possibilidade de construção de canteiros e muretas. ;Se o Iphan não autoriza a obra, temos que pensar em outras soluções, como diminuir a velocidade para 60km/h e colocar mais radares. Para ele, os equipamentos móveis são interessantes para diminuir o ritmo da pista. ;Três mil multas por mês é muita coisa, ainda mais que em Brasília todo mundo sabe onde estão os pardais. Se os motoristas estão sendo multados, é porque eles andam bastante desatentos;, avaliou.

A estrutura reta do Eixão é um convite para correr e, por isso, a maioria dos motoristas brasilienses acaba abrindo mão da segurança. Essa é a opinião da professora da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Eva Vider, uma das maiores especialistas em transporte urbano do país. Segundo ela, se não fosse o tombamento de Brasília, a solução seria semáforos ou muretas, como as colocadas na linha vermelha, no Rio.

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