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Acidente grave entre dois carros deixa um morto e trava o Eixão Norte

Gol conduzido por uma jovem de 25 anos colidiu de frente com um Fox, na altura da Quadra 106. A vítima chegou a ser levada ao hospital, mas não resistiu. A batida provocou um congestionamento de 4km na via, causando muito transtorno aos motoristas


Um grave acidente entre dois carros no Eixão Norte (DF-002) causou a morte de uma jovem de 25 anos e deixou um casal ferido. A colisão aconteceu por volta das 8h, na altura da 106/206, e travou o trânsito em toda a Asa Norte por quase três horas. A pista que segue sentido Rodoviária do Plano Piloto foi interditada na altura da 105 até a Ponte do Bragueto e só foi liberada por volta das 11h. De acordo com a Polícia Militar, o congestionamento chegou a 4km.

Este foi o sexto acidente com morte na via este ano. Nos últimos três anos, foram 31, de acordo com o Departamento de Estradas de Rodagem (DER). Em 2008, ocorreram 11, enquanto que em 2009, o número caiu para cinco, voltando a subir para nove no ano passado. Na colisão de ontem, o trânsito ficou lento nos eixinhos e o engarrafamento chegou até a área central da cidade.

A batida aconteceu quando um Gol prata, placa EGP-9419-SP, que seguia sentido Lago Norte, invadiu a pista contrária e colidiu de frente com um Fox chumbo, placa JGN 7675-DF. Motorista do veículo, a servidora pública Marina Monteiro de Queiroz Ravazzi, 25 anos, chegou a ser reanimada pelos médicos do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) e levada ao Hospital de Base do Distrito Federal
(HBDF), mas não resistiu. O casal que estava no Fox passa bem.

A interdição total da pista foi feita para resgate das vítimas e limpeza do local, já que houve vazamento de óleo dos dois carros ; eles tiveram as frentes completamente destruídas. O Corpo de Bombeiros esteve presente com sete viaturas e um helicóptero, que pousou na via por volta de 8h15. Pela quantidade de óleo, foi preciso jogar terra na pista, que absorve o produto, em vez de espalhá-lo, o que aconteceria se a limpeza fosse feita com água. De acordo com o major Adriano Lacerda, comandante da operação, foi um resgate difícil. ;Normalmente, usamos um equipamento para desencarceramento das vítimas. Dessa vez, precisamos de dois e já estávamos pensando em incluir um terceiro. No caso do motorista do Fox, tivemos que fazer tudo com muita calma e cuidado. Foi quase uma hora;, conta.

Curiosos
Muitas pessoas se juntaram no local, assustadas com a gravidade da situação. Funcionário do posto de combustível da 206 Norte, Silvano Ferreira, 36 anos, assistiu ao acidente. ;O Gol estava indo sentido Sobradinho, com a pista vazia. De um minuto para o outro, invadiu a outra pista e já foi aquele barulho todo. Nós corremos pra lá. Levamos os cones e o extintor de incêndio do posto, com medo de explosão, e chamamos os bombeiros;, detalha. Ele conta ainda que conversou com o motorista do Fox, Alan Neiva Freitas, 32 anos. ;Perguntei se ele estava bem. Ele respondeu que sim, mas que estava preocupado com a esposa.;

Passageira do Fox, Janete Valente Gushiken, 28 anos, foi levada ao Hospital de Base com escoriações no braço esquerdo e nos
olhos, mas teve alta ontem mesmo. Alan Neiva Freitas quebrou os braços e as pernas e, à tarde, aguardava liberação para ser transferido para um hospital particular. Janete é bibliotecária do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Alan trabalha no Banco Central. Os dois são casados e moram na 214 Norte. Estavam indo para o trabalho no momento do acidente.

O pai de Janete, o aposentado Susumi Gushiken, 68 anos, recebeu a notícia da batida pela própria filha. ;Eu estava em casa quando ela me ligou, muito nervosa, contando que tinha batido o carro e estava indo para o hospital. Pela forma como ela disse, achei que fosse um acidente simples. Mas, no caminho, ouvi na rádio que tinha uma colisão frontal com morte e aí fiquei preocupado. Mas eles já estão bem;, contou, aliviado.

Corpo segue para Marília
Marina era natural de Marília (SP), cidade onde deve ser realizado o enterro. A jovem estava com cólicas renais e havia comentado com as colegas que se sentia mal. A suspeita é de que tenha perdido o controle do carro e invadido a pista contrária. Ela morreu uma hora depois de chegar ao hospital. A família dela veio para Brasília e retirou o corpo do Instituto Médico Legal (IML), antes das 18h.

Ela morava na 409 Sul e dividia o apartamento com outras duas amigas. Renata Duarte, 25 anos, trabalha na Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar do Brasil (Fetraf) e estava na república havia três meses. Ela foi a primeira amiga de Marina a chegar ao local do acidente, acompanhada de colegas de trabalho. ;Ela era muito inteligente, feliz e bonita;, diz.

Formada em antropologia, Marina havia passado em um concurso da Fundação Nacional do Índio (Funai) e estava lotada na Coordenação-Geral de Índios Isolados e de Recente Contato (CGIIRC). O coordenador da seção, Carlos Travassos, trabalhava com Marina desde março. ;Era uma pessoa fantástica, supercomunicativa, ética. Tinha isso como marca: a honestidade. Era extremamente competente em tudo que fazia, além de muito alto-astral;, descreve.

Travassos conta ainda ela gostava muito do trabalho que realizava. ;Estava em uma fase ótima da vida.; Além disso, o coordenador lembra que ela fazia pós-graduação na Fundação Getulio Vargas (FGV). ;De tão querida, recebi ligações de várias pessoas, até da Prefeitura de Marília;, disse.