Jornal Correio Braziliense

Cidades

Em casa, sobreviventes contam os momentos vividos na hora do acidente

Vinte e sete vítimas da tragédia retornaram ontem a Santo Antônio do Descoberto ; nove continuam internados em hospitais paulistas de Tremembé, Taubaté, Campos do Jordão e Pindamonhangaba. A maioria voltou para casa de avião, com passagens aéreas pagas do próprio bolso ou pela prefeitura da cidade do Entorno. Apenas dois passageiros, o funcionário público Valdir Pereira, 60 anos, e a neta, Letícia, 6, seguiram para o município goiano de carro, com um parente.

Para esse grupo, a quarta-feira serviu de descanso. A maioria passou o dia na cama. Aqueles que não apresentaram ferimentos graves se queixaram de dores pelo corpo. O motorista Valdir Pereira precisou de medicamentos para dormir. Ao Correio, ele contou que, na hora do acidente, o único reflexo que teve foi o de abraçar a neta com força (leia depoimento ao lado). Ele perdeu a mulher e a cunhada.

O casal Raimundo Nonato de Melo, 63 anos, e Maria Aparecida Lima Melo, 58, escapou da morte. Ele bateu a cabeça e, embora caminhasse e conversasse normalmente, não consegue se lembrar de nada do momento da colisão. Ainda segundo Raimundo, minutos antes do acidente, ele sentiu, em uma subida, que o veículo estava mais lento do que o normal. ;Graças a Deus, vivemos para contar a história. Nascemos outra vez;, avaliou.

Reclamações
Alguns feridos relataram que, quando o ônibus parou no posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Valparaíso (GO), nenhum passageiro foi informado de irregularidades no veículo. Eles acreditaram que o motorista faria o caminho de volta a Santo Antônio do Descoberto quando desviou pelo Novo Gama (GO) e por Santa Maria. Todos reclamaram ainda que a empresa da turismo responsável pela viagem não entrou em contato para informar sobre o acidente e também não ajudou os sobreviventes a voltarem a Santo Antônio do Descoberto.