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Audiência do caso Villela segue com mais três depoimentos nesta quinta

O advogado Fabrício Falcão Ornelas, ex-defensor de Paulo Cardoso Santana, um dos acusados de cometer o triplo homicídio da 113 Sul, foi o segundo a falar nesta quarta audiência sobre o caso Villela. Ele foi ouvido em condição de defesa de Adriana Villela. O terceiro depoimento foi de um amigo de Adriana Villela, Francisco das Chagas Leitão, que falou por cerca de 30 minutos. Neste momento é ouvida Regina Batista Lopes, que chegou a sesr suspeita do crime. Mais cedo, por volta das 10h desta quinta-feira (17/11), o advogado Pedro Gordilho, amigo pessoal do casal assassinado, prestou depoimento. Segundo ele, durante os anos de amizade nunca ouviu a vítima fazer algum tipo de reclamação da filha Adriana Villela, acusada de ser a mandante do crime.

Durante o segundo depoimento, Fabrício, que é advogado em Montalvânia, contou que quando Paulo foi preso, foi chamado à delegacia da cidade pela delegada Mabel de Faria, titular da Coordenação de Investigação de Crimes Contra a Vida (Corvida) na época do crime. Lá, segundo ele, ela teria pedido que o advogado convencesse Paulo a confessar que se tratava de um crime de mando e que, se isso ocorresse, o acusado teria benefícios da Justiça.

Fabrício disse ainda que havia uma câmera camuflada na sala em que conversava com Paulo. O promotor Maurício Miranda, do Tribunal do Júri, interrompeu o depoimento e perguntou ao advogado como ele poderia ter visto a câmera se ela estava camuflada. Perguntou ainda quantos anos de profissão tem. Fabrício respondeu que trabalha como advogado há 11 anos. O promotor continuou e perguntou se ele já respopndeu a algum processo. Um, respondeu o advogado. Nenhum criminal?, perguntou o promotor. Não lembro, disse o advogado, que tem duas condenações em primeira e segunda instância por improbidade administrativa e lesão corporal.

Durante seu depomento, Regina contou que sofreu constrangimento com o mandado de apreensão em sua casa. Segundo ela, os policiais da Corvida a colocaram em uma sala para reconhecimento mas, em momento nenhum, a explicaram sobre o que se tratava, de que ela era suspeita de um crime. Ao colherem digitais da palmar e outros procedimentos, regina contou que os agentes apenas falavam que "tudo era de praxe".

Ressentida com a investigação, Regina contou que a delegada Mabel nunca pediu desculpas, uma vez que ficou provada sua inocência.

Regina contou também que não tinha como provar onde estava no dia do crime e por esse motivo ficou desesperada. "Foi uma situação de horror. Olhar a preocupação dos meus filhos acabava comigo. Eu tinha que ser forte para provar minha inocência", disse. Segundo ela, os policiais eram irônicos e diziam: "Olha dona Regina, a senhora não tem dinheiro para pagar advogados. As coisas estão ficando ruins para o seu lado. A casa caiu, Adriana já confessou tudo", contou. Ela disse que só não foi presa porque lembrou de ter assinado um livro de presença que confirmava que ela estava em um grupo de oração no dia 28 de agosto de 2009, data do crime.

Entenda o caso

O triplo homicídio ocorreu no dia 28 de agosto de 2009, no apartamento do ex-ministro José Guilherme Villela e de sua esposa Maria Carvalho Mendes Villela, na 113 Sul. O casal e a empregada Francisca Nascimento da Silva foram esfaqueados. Os autos do processo foram distribuídos ao cartório no dia 1; de outubro de 2009. Em outubro de 2010, o juiz do Tribunal do Júri de Brasília acatou a denúncia do MPDFT, na qual quatro réus foram denunciados: Adriana Villela, filha do casal e acusada de ser a mandante do crime; Leonardo Alves, ex-porteiro do bloco onde ocorreu o triplo assassinato; Paulo Cardoso Santana, sobrinho de Leonardo; e Francisco Mairlon Barros Aguiar, comparsa de Leonardo e Paulo.