Um homem acabou preso em flagrante depois de disparar quatro vezes em um ônibus. Um desentendimento de trânsito motivou os disparos. Wellington Lopes, 28 anos, passava pela QNR 1, em Ceilândia, em um Fiat Palio verde quando foi ultrapassado pelo veículo maior. Irritado, ele acelerou e, com a mão para fora da janela, exibiu uma pistola. O motorista do ônibus ficou assustado. E tornou a passar pelo carro. Wellington, então, atirou em direção ao coletivo. Acertou três tiros na lanterna traseira direita e um na lateral. Ninguém ficou ferido. Policiais militares prenderam o condutor do Palio.
O incidente aconteceu às 15h35. Além dos rodoviários, o ônibus da Viação Planeta seguia com três passageiros. O motorista, que teve a identidade protegida pela polícia para não sofrer retaliações, conseguiu que o atirador fosse preso ao denunciar o caso para o 190. A central da Polícia Militar acionou uma equipe que estava próximo ao local. Os PMs localizaram Wellington perto do terminal do P Norte, a três quilômetros do ponto dos disparos. Ele estava acompanhado da namorada.
;Com a placa e a cor, nós o encontramos e fizemos a abordagem do casal. A arma não estava com eles e eles negaram tudo. Disseram que tinham acabado de sair de casa, mas tinha quatro projéteis no carro;, contou o cabo Justino Campos, que participou da prisão. A arma do crime não foi encontrada, mas o motorista do Palio e a mulher foram levados para a 19; Delegacia de Polícia (P Norte).
Os rodoviários prestaram depoimento por quatro horas. O motorista usou casaco com capuz para identificar o condutor do Palio. Assustado, ele afirmou que pedirá para trocar a linha em que trabalha. ;É difícil quando uma coisa assim acontece e você tem que trabalhar no dia seguinte no mesmo lugar. Tenho família, é complicado;, disse (leia Depoimento). O cobrador preferiu não falar com a imprensa.
Crime
O delegado Hermes Dantas colheu o depoimento dos envolvidos. Segundo ele, Wellington se irritou por entender que o motorista do ônibus o fechou, mesmo estando em baixa velocidade. ;Ele vai responder por disparo de arma de fogo, cuja pena varia de dois a quatro anos, além de dano material qualificado por ter atingido um bem de uma empresa concessionária de serviço público. Por causa disso, pode receber pena de seis meses a três anos;, explicou. O delegado afirmou ainda que, como trata-se de um crime de médio potencial ofensivo, Wellington pode responder em liberdade, caso pague a fiança de R$ 3 mil.
Depoimento
;Fui fazer uma ultrapassagem para entrar na parada mesmo, não cheguei a fechar ninguém. Estava com a velocidade dentro do limite. O cara não chegou a descer, mas colocou a arma para fora da janela, para intimidar mesmo. Ele passou bem ao meu lado, encarando. A pessoa, quando está armada, faz esse tipo de coisa. Ainda bem que a rua estava vazia, e o ônibus tinha pouca gente. Na hora, só deu tempo de acelerar e correr para o posto policial, de onde ligaram para a central deles. Mas ficou todo mundo assustado. Eu mesmo vou falar com o meu superior para mudar a minha escala, para eu não ter mais que fazer essa linha. Sou casado e tenho quatro filhos, sabe? Não esperava uma coisa dessas. Isso nunca me aconteceu. Nem imaginei que pudesse acontecer. Nessa empresa, eu estou há um ano e meio, mas tenho mais tempo na profissão.;
Motorista do ônibus atingido pelos tiros