O site da Secretaria de Cultura do Distrito Federal foi invadido por hackers na noite de sábado. No lugar da página principal, foi colocada uma mensagem dos grupos iPiratesGroup e AntiSecBRTeam ; responsáveis pelo ataque ; contra a cobrança de pedágios nas estradas brasileiras e a favor de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigue a corrupção. A mensagem ficou no ar até as 12h de ontem. Pela rede social Twitter, os hackers anunciaram a autoria do ataque por volta das 19h de sábado. No total, ambos derrubaram 247 sites de órgãos de governos estaduais e de empresas por todo o país.
A assessoria de imprensa da Secretaria de Cultura confirmou que o ataque ocorreu na noite de sábado. Informou que, desde a madrugada de ontem, a equipe da pasta trabalha para restabelecer o sistema. A secretaria ressaltou ainda que vai apurar o caso.
O ataque ao site da secretaria do GDF foi parte de uma operação intitulada pelo grupo de #OpBreaking. Além da página do órgão, os hackers derrubaram sites hospedados com o endereço dos governos de São Paulo, Amapá, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais, e, por meio de ataques de negação de serviço, as páginas de três partidos políticos: PT, PSDB e PCdoB.
O iPiratesGroup e o AntiSecBRTeam relacionam-se com a rede de ativistas da internet Anonymous, que esteve ligada aos ataques a serviços de cartões de crédito que suspenderam doações ao site WikiLeaks. Os dois grupos disseram que seus objetivos são protestar contra a corrupção e os altos impostos no país. ;Não aguentamos mais tanta corrupção;, diz a mensagem enviada por e-mail ao Correio.
Na última sexta, o grupo de hackers também tirou do ar a página do Ministério do Esporte, cujo ex-ministro, Orlando Silva, deixou o cargo depois de denúncias de que ele estaria envolvido em um esquema de desvio de dinheiro público. O grupo também afirmou que os ataques devem continuar, e a próxima operação ;será maior do que a ocorrida;.
A discussão sobre uma lei relativa a crimes cometidos na internet é antiga no Brasil. O país não tem uma legislação específica para esse tipo de ocorrência, mas diversos projetos tramitam na Câmara dos Deputados. O mais notório é o PL 84/99, também conhecido por Lei Azeredo. O texto caracteriza como crime informático ou virtual ;os ataques praticados por ;hackers; e ;crackers;, em especial as alterações de ;home pages; e a utilização indevida de senhas;.
O projeto de lei prevê pena de detenção de um a três anos e multa para cibercrimes. Se o ataque é feito contra órgãos governamentais, o tempo aumenta para dois a quatro anos e multa. O projeto tramita há 12 anos na Câmara e voltou à tona por conta de recentes ataques a sites do governo (veja Memória), mas foi retirado da pauta em 26 de outubro. Os sites invadidos continuavam fora do ar até a noite de ontem.
Avalanche de acessos
Um ataque de negação de serviço, também conhecido pela sigla DDoS (distributed denial of service, em inglês), consiste em fazer um número de acessos muito acima do que o servidor consegue suportar. Essa sobrecarga torna indisponíveis os sites hospedados nesse servidor.