Os dois montes de entulho deixados pelas implosões do Hotel das Nações e do Alvorada Hotel chamaram a atenção de quem passou pelo Setor Hoteleiro Sul (SHS). Os escombros despertaram a curiosidade e desviaram os olhares de motoristas e pedestres, e aguns paravam. A JC Gontijo, empresa responsável pelos novos empreendimentos, tem até 30 dias para recolher as cerca de 22 mil toneladas de material e deixar a área limpa. Máquinas e operários já podiam ser vistos trabalhando no local logo no início da manhã de ontem.
Perto do carrinho de suco do vendedor Raimundo Nonato Ferreira dos Santos, 28 anos, morador de Ceilândia, não se falava em outra coisa a não ser na implosão dos dois hotéis. ;Esse foi o assunto do dia, quem parava aqui pedia mais informações para saber o que era ou por que os prédios foram derrubados;, contou. Raimundo confessa que deixou a curiosidade falar mais alto e também acompanhou a operação de quarta-feira. ;Saí atrasado de casa e achei que não ia dar tempo, mas consegui chegar a tempo;, contou.
Logo após a operação, funcionários deram inícioà limpeza no local para a liberação das vias, interditadas por motivo de segurança. O trânsito já estava totalmente liberado na manhã de ontem e fluiu normalmente. O trabalho para retirar os escombros começou cedo. Conforme o superintendente de engenharia da JC Gontijo, Gustavo Fantato, o entulho recolhido será levado para o lixão da Estrutural para ser reciclado pelas cooperativas.
Para o gerente do Hotel das Américas, Cláudio Furman, os montes de entulhos viraram mais uma atração na capital federal. ;Foi quase um evento turístico. Despertou a curiosidade do pessoal porque não é todo dia que há uma implosão;, brincou. Ele elogiou a operação. ;Não houve nenhum questionamento por parte dos hóspedes. O trabalho foi planejado e conseguimos programar um café da manhã especial em outro espaço. Isso vai contribuir para a melhoria da cidade e a realização da Copa do Mundo;, opinou.
Tristeza
A dona de casa Antonia Coelho da Silva, 75 anos, moradora de Taguatinga, olhava com saudosismo o entulho deixado pela derrubada do Hotel das Nações. Na manhã de ontem, ela aproveitou a visita que fez ao filho Djacir Coelho, 56, gerente do Hotel Bristol, para ver como ficou a região após as implosões. ;Fiquei muito triste e até chorei com a notícia;, contou Antonia. Djacir, assim como a mãe, lamentou a derrubada das duas construções.
O pastor evangélico Jorge de Lima, 74 anos, morador da Asa Sul, foi ver o que acompanhou no dia anterior pela televisão. A curiosidade fez com que ele parasse e observasse o monte de entulho. ;Queria ver o que sobrou dos dois hotéis, construídos há mais de 30 anos e com muitas histórias.;
O Hotel das Nações, inaugurado em 1965, e o Alvorada Hotel, em 1975, darão lugar a dois empreendimentos. O projetoprevê a construção de prédios com 17 andares e 264 apartamentos de 25m2 cada um. As obras devem durar entre 18 e 24 meses e a intenção é que sejam concluídas antes da realização da Copa das Confederações, em 2013.