Há cerca de duas semanas, usuários do transporte coletivo não conseguem utilizar a parada de ônibus instalada na Rua 30 Norte, em Águas Claras. O motivo é que ela foi cercada de tapumes colocados por uma construtora. No lugar, a 1,5 metro da pista, foi instalada uma estrutura provisória de ferro, mas o banco fica constantemente sujo de poeira, sem condições de as pessoas se sentarem. A cobertura também não protege os passageiros do sol e da chuva. Quem espera por um coletivo na parada ainda corre o risco de se sujar de lama em razão da calçada de terra e da proximidade com a Avenida Castanheiras, onde o fluxo de carros é intenso.
Moradora do P Sul, em Ceilândia, a diarista Lúcia dos Santos Melo, 32 anos, utiliza a parada três vezes na semana, mas espera o ônibus passar a alguns metros do novo ponto. ;Isso aqui está horrível. Se vier chuva, fica uma lama só. Já tive que correr para não levar um banho. Sem contar que é arriscado ficar muito perto da rua porque os carros passam toda hora;, reclamou. O enfermeiro Fábio Zirato, 29, costuma levar roupa na mochila para não correr o risco de trabalhar sujo. ;Se eu não fizer isso, não dá. A poeira aqui é inevitável;, diz.
Segundo o secretário do Conselho de Segurança de Águas Claras, Luiz Antônio Costa, a situação tem provocado muitos transtornos. ;Tínhamos um estacionamento externo de 15 vagas, mas a construtora colocou tapumes e agora quem estaciona aqui tem sido multado. Acho isso um descaso com a comunidade;, ressalta.
Responsável pela obra, o engenheiro da Porto BsB André Oliveira explica que a parada de ônibus foi cercada para garantir a segurança da comunidade. Com o trabalho de escavação da obra, a instalação dos tapumes teria sido inevitável, uma vez que a legislação recomenda uma distância segura de até cinco metros da área pública. ;Estamos tentando causar o mínimo de transtorno possível, mas a gente precisa proteger essa área;, disse. Oliveira prometeu retornar a parada de ônibus ao local nos próximos seis meses, quando os trabalhos de fundação do prédio devem ser concluídos.
Alternativas
Enquanto o problema não é resolvido, a Administração de Águas Claras estuda uma solução a curto prazo. Uma das alternativas estudadas é a instalação de uma parada de ônibus em um ponto próximo do local. ;Toda obra pode ter um avanço em área pública, autorizado após aprovação do projeto. Por causa das reclamações, nesse caso, pedimos para a construtora refazer a calçada e adiantar as obras na parte da área pública, antes de qualquer coisa;, disse a assessora de planejamento da administração, Patrícia Fleury.
Problemas como esse são comuns em Águas Claras. Na Rua Babaçu 24 Sul, por exemplo, as calçadas praticamente não existem. Em frente a uma obra, o espaço para passagem de pedestres foi destruído devido à construção. Os trabalhadores, inclusive, utilizam a área para estacionar os carros. Quem passa pelo local reclama do risco de transitar entre os carros e também da sujeira provocada pelas obras. Na mesma rua, a reportagem flagrou um homem lavando uma betoneira sem se preocupar com o lamaçal formado. Em relação à acessibilidade em Águas Claras, a administração informou que há um projeto em estudo para reformar as calçadas, com rampas de acesso para portadores de necessidades especiais.
Eu acho...
;É muito ruim caminhar sem ser pela calçada. A gente corre risco de ser atropelado. Os motoristas buzinam, mas se a gente subir no passeio de terra o pé fica todo sujo. Os donos das construtoras não se preocupam em colocar cimento. É muita falta de respeito.;
Ozeane Ferreira da Silva, 29 anos, doméstica, moradora de Águas Lindas (GO)